O presidente Jair Bolsonaro
afirmou neste sábado (27), em evento no Rio, que o jornalista americano
Glenn Greenwald "talvez pegue uma cana aqui no
Brasil". Greenwald é editor do site The Intercept Brasil, que tem publicado
desde 9 de junho reportagens com base em diálogos vazados do ministro Sergio
Moro e de procuradores da força-tarefa da Lava Jato.
Bolsonaro disse ainda que Greenwald e o deputado federal David
Miranda (PSOL-RJ) são "malandros" por terem se casado e adotado dois
filhos no país. Ele fazia referência a uma portaria publicada
por Moro, nesta sexta-feira (26), que estabelece um rito sumário de
deportação de estrangeiros considerados "perigosos" ou que tenham
praticado ato "contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição
Federal".
"Ele (Glenn) não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com
outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar
um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o
problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue
uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", afirmou o presidente.
A portaria do Ministério da Justiça foi publicada em meio às divulgações
do Intercept Brasil, que revelou, em trocas de mensagens privadas entre o
ex-juiz e procuradores da força-tarefa, ingerência do atual ministro sobre as
investigações da operação.
"Quando o Moro falou comigo, que teria carta branca, eu teria feito
um decreto. Tem que mandar para fora quem não presta. Não tem nada a ver com o
caso dele (Glenn)", continuou o presidente.
Greenwald é cidadão dos Estados Unidos e mora no Rio de Janeiro. Ele
é casado com um brasileiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ),
com quem tem dois filhos adotivos, também nascidos no país. "Fui o único
parlamentar, e mais um, não sei quem foi, que discursou contra projeto de
Aloysio Nunes Ferreira que falava sobre imigração no Brasil. No Brasil você não
dorme com as portas e janelas abertas em casa e nem no apartamento. No Brasil,
está tudo escancarado", reclamou Bolsonaro.
O presidente defendeu a portaria publicada por Moro. "Pela lei,
se chegar aqui um navio com 5.000 pessoas de qualquer lugar do mundo, já sai
com hospedagem. Não é assim! Não sou xenófobo, mas na minha casa entra quem eu
quero, e a minha casa no momento é o Brasil. Se um cara for pego por suspeita
de tráfico, sequestro, esses crimes brabos, é suspeito apenas, sai daqui! Já
tem bandido demais no Brasil! Esse é o sentimento dele (Moro) e o meu também,
parabéns ao Moro", disse.
A norma publicada pelo ministro da Justiça também trata de casos de
impedimento de ingresso ao Brasil e de repatriação. Segundo a portaria, que
recebeu o número 666, ficam sujeitos ao rito sumário estrangeiros suspeitos de
terrorismo, de integrar grupo criminoso organizado ou organização criminosa
armada, e suspeitos de terem traficado drogas, pessoas ou armas de fogo.
Glenn Greenwald escreveu em uma rede social que, ao publicar a
portaria, Moro faz "terrorismo". "Hoje (sexta)
Sergio Moro decidiu publicar aleatoriamente uma lei [portaria] sobre como
os estrangeiros podem ser sumariamente deportados ou expulsos do Brasil 'que
tenham praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na
Constituição Federal.' Isso é terrorismo", afirmou o jornalista. (Via: Agência Brasil)
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