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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Grupo Globo pede desculpas por matéria da Época com esposa de Eduardo Bolsonaro


Após a grande repercussão da matéria da revista Época com a esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Conselho Editorial do Grupo Globo diz tomou “decisão editorial equivocada” e pediu desculpas a Heloísa Bolsonaro e aos leitores pelo “erro” na produção da reportagem. Nela, o repórter João Paulo Saconi se passou por um cliente do coaching online de Heloísa, que é psicóloga. Ao final de cinco sessões, ele se identificou como jornalista e informou que havia registrado todo o curso, questionado se a esposa do parlamentar gostaria de se pronunciar até a publicação da matéria.

Intitulada “O coaching online de Heloísa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, a matéria foi publicada na última sexta-feira (13) e foi duramente criticada pela psicóloga, por Eduardo Bolsonaro, além do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus apoiadores. Eduardo ameaçou, em publicação no Twitter, processar o repórter, o editor-chefe e a diretora de redação da revista.

Vamos processar o repórter da Época/Globo @JoaoSaconi o editor-chefe @pfraga e a diretora de redação @dpinheiro_press .

Da próxima vez que a Época falar besteira tem que lembrar “ah, aquela revista que fez covardia com a nora do Bolsonaro”… Credibilidade zero.

— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 16, 2019

Em nota divulgada na noite dessa segunda-feira (16), o Conselho Editorial do Grupo Globo diz que “o erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line”. “Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista”, afirma trecho da nota.

O presidente Bolsonaro também reagiu nas redes sociais. Segundo ele, o que, nas sessões, “deveria ficar apenas entre os dois, por questão de ética, agora vem a público”. 

IMPRENSA SEM LIMITES: sem se identificar, o jornalista João Paulo Saconi, Época / Globo, se passou por gay e fez sessões com minha nora Heloísa (psicóloga, esposa do Eduardo) e gravou tudo. O deveria ficar apenas entre os dois, por questão de ética, agora vem a público. pic.twitter.com/aWzxxcCcJk

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 13, 2019

Confira a nota na íntegra:

“Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco.

Foi o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última sexta-feira. ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.

É certo que em sua seção II, item 2, letra “h”, está dito: “A privacidade das pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de reportagens”. A letra “i” da mesma seção abre a seguinte exceção: “Pessoas públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas, servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre outros – por definição abdicam em larga medida de seu direito à privacidade. Além disso, aspectos de suas vidas privadas podem ser relevantes para o julgamento de suas vidas públicas e para a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, de preferência que envolva o maior número possível de pessoas”.

O erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.

Em sua seção 1, item 1, letra “r”, os Princípios Editoriais do Grupo Globo determinam: “Quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes, abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser esclarecidos”. E o preâmbulo da mesma seção estabelece com clareza: “Não há fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles acontecem, é obrigação do veículo corrigi-los de maneira transparente”.

É ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA.”

Blog: O Povo com a Notícia