Contrariando pesquisas
científicas e especialistas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou
nesta quinta-feira (30) que o isolamento social não teve impacto no achatamento
da curva de infecção do novo coronavírus.
"Até porque, repetindo: 70% da população vai ser infectada. E, pelo
que parece, pelo que estamos vendo agora, todo empenho pra achatar a curva
praticamente foi inútil. Agora, a consequência disso? O efeito colateral disso?
O desemprego", disse o presidente, em sua live semanal.
Bolsonaro, contudo, não apresentou dados que mostrem que não houve
benefício pelas medidas de isolamento e contenção adotadas em todo o país.
Desde o início da crise, ele vem defendendo o fim do isolamento e minimizando o
impacto da Covid-19, que já deixou ao menos 5.901 mortos.
O presidente vem descumprindo as recomendações de distanciamento social e
mantido passeios por regiões de comércio e promovido aglomerações. Nesta
quinta, o Brasil totalizou 85.380 casos confirmados e ultrapassou a China
também em número de pessoas infectadas e é o 10º no ranking. O país asiático
tem 83.944 casos confirmados, segundo a Universidade Johns Hopkins, nos EUA,
que monitora a pandemia.
"O povo quer voltar a trabalhar. Todo mundo sabe que quanto mais
jovem, menos problema de ter consequência danosa infectado pelo vírus, né? A
pessoa abaixo dos 40 anos de idade, dos infectados com alguma outra
comorbidade, em torno de 0,2% apenas que o fim é trágico", disse
Bolsonaro.
Ainda nesta quinta, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que uma
flexibilização do distanciamento social não deve ocorrer enquanto casos do novo
coronavírus estiverem em "franca ascensão".
A flexibilização do distanciamento social é defendida enfaticamente pelo
presidente. O assunto foi um dos pontos de tensão entre o presidente e o
ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta e é constantemente usado pelo chefe do
Executivo para criticar prefeitos e governadores.
"A gente tem uma diretriz, a gente tem um ponto de partida, mas
algumas coisas são básicas: não dá para você começar uma liberação quando você
tem uma curva em franca ascendência", disse. "Neste momento, a gente
tem uma definição clara: o distanciamento permanece como a orientação",
completou.
Ele voltou a frisar, no entanto, a intenção da pasta em fazer uma diretriz
que deve recomendar parâmetros de análise a estados e municípios para o
distanciamento social. (Via: Folhapress)
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