O consumo de eletricidade, importante indicador da atividade econômica,
pode ter queda de 5% a 12% no Brasil em 2020, em meio a impactos da pandemia de
coronavírus sobre a demanda, apontou a consultoria especializada ReGe, de um
ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A projeção, se confirmada, representaria um cenário bem pior que as
últimas estimativas da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e de outros
órgãos técnicos do setor, no uso de energia neste ano.
Até o final de março, as previsões de EPE, Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) eram de
recuo de apenas 0,9% no consumo.
A consultoria ReGe, que tem entre os sócios um ex-diretor da Aneel,
Tiago de Barros, avaliou em relatório a clientes que a desaceleração da
economia impactará fortemente o consumo de energia elétrica, que poderia cair
4,7% em cenário considerado “otimista”.
Em visão “moderada”, o recuo na demanda poderia ser de 7,9%, enquanto um
cenário “pessimista” poderia levar a um tombo de 12,3% no uso de eletricidade,
segundo estimativas próprias da ReGe.
Em um cenário “normal”, sem a pandemia, o consumo de eletricidade poderia
ter crescido 4,5% no país em 2020 – número em linha com as estimativas de EPE,
ONS e CCEE no final do ano passado.
As projeções da consultoria levam em consideração uma queda de 3,6% no
PIB brasileiro no cenário otimista e de 6,1% no moderado, enquanto a visão
pessimista envolveria recuo de 9,5% na economia. Em sua última revisão de
estimativas, EPE, ONS e CCEE levaram em conta expectativa de queda de 5% no PIB
em 2020.
A expectativa de analistas de mercado para o desempenho da economia
brasileira neste ano é de uma queda de 5,89%, segundo boletim Focus publicado
pelo Banco Central nesta segunda-feira, contra queda de 5,12% na semana
anterior.
Em meio à forte retração na demanda e também a um aumento da
inadimplência com a pandemia, o governo tem negociado um pacote de apoio a
distribuidoras de energia que deve envolver mais de 10 bilhões de reais em
empréstimos de um grupo de bancos liderado pelo BNDES.
A consultoria ReGe apontou ainda que a redução do consumo tem sido mais
expressiva no mercado livre de eletricidade, no qual grandes clientes como
indústrias negociam seu suprimento diretamente com geradores e
comercializadores, o que será acompanhado por renegociações de contratos e até
possível aumento da inadimplência nesse setor.
Comercializadoras de energia esperam um impacto negativo de 5 bilhões de
reais neste ano devido a esses pedidos de flexibilização e ao menor consumo por
parte de seus clientes como consequência do coronavírus, conforme publicado
pela Reuters em 20 de maio. (Via: Agência Reuters)
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