A mãe da menina de 11 anos que teria sido estuprada pelo pastor e psicólogo Antônio Carlos de Jesus Silva (foto em destaque), de 51 anos, diz, em conversa com o Metrópoles, que o próprio suspeito se ofereceu para cuidar da garota, que tem transtorno mental.
“Como ele [Antônio Carlos] é pastor da nossa igreja, ele se
ofereceu para cuidar dela como psicólogo. Aí nós aceitamos a ajuda dele”, conta
a mulher, que não terá o nome exposto para preservar a identidade da vítima.
“Eu me sinto muito transtornada, triste, e
ao mesmo tempo com raiva, porque nós, eu e a minha família, depositamos toda a
nossa confiança nele, e ele se aproveitou da minha filha, que tem problemas
mentais. O meu sentimento é de injustiça também, pois está todo mundo
defendendo ele”, desabafa.
Antônio
Carlos é pastor na Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy (PIBVK), em
Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro, e foi denunciado por estupro de vulnerável
pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Os abusos contra a garota de 11 anos teriam
ocorrido entre novembro de 2020 e abril deste ano, tanto na igreja quanto no
consultório de psicologia do religioso, que fica no Real Shopping, também em
Bangu. O caso foi revelado pelo Metrópoles, que teve acesso à denúncia apresentada pelo MPRJ, em maio
deste ano.
A mãe da menina narrou detalhes dos abusos, que foram relatados
pela filha à mulher.
“No dia 23 de março, ela estava na igreja
com meu pai, que estava trabalhando, como de costume, e falou assim: ‘Vô, o que
é estupro?’. Ele explicou, né, que é quando o homem pega a mulher à força… ‘Mas
vô, eu quero saber isso porque o pastor veio por trás de mim e se esfregou em
mim’. Meu pai ficou assustado, ele não estava acreditando. Ficamos com a pulga
atrás da orelha”, conta.
“Depois, em
abril, quando ele [Antônio Carlos] começou a atender de novo no consultório
[após ter Covid], em abril, ela entrou normalmente, mas quando saiu, foi e
falou assim: ‘Vó, mãe, o pastor beijou o meu pescoço e passou a mão nos meus
peitos'”, relembra a mãe da criança.
“Nós até vimos o pescoço dela, estava meio
avermelhado. Ela falou isso e que ele tinha botado ela sentada no colo dele”,
afirma.
O caso foi denunciado pela
família da adolescente na delegacia virtual. Hoje, a ação penal tramita na 2ª
Vara Criminal Regional de Bangu em segredo de Justiça.
Após os casos de estupro,
os transtornos psicológicos da menina pioraram, segundo a mãe da criança. “Tive
que levá-la ao menos duas vezes para o hospital Pedro II, porque ela teve
crise, surtou. Estava chorando, agressiva; estava quebrando tudo dentro de
casa. Chegando lá, falei sobre os problemas que ela já tinha e que isso piorou
depois dos abusos. Depois disso, os medicamentos dela aumentaram”, relata a
mulher.
Em
nota, a Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy repudiou qualquer tipo de crime
e disse aguardar que a Justiça apure o ocorrido analisando os fatos e as provas
apresentadas para que o caso seja esclarecido.
“Em
tempo, a PIBVK informa que o Sr. Antônio Carlos já foi afastado de suas funções
administrativas da igreja, bem como de suas atividades pastorais”, informou a
instituição evangélica.
O
advogado Carlos Nicodemos, do escritório Nicodemos & Nederstigt Advogados Associados, que defende a menina, explicou que a família
resolveu denunciar o pastor após a igreja não tomar uma atitude quanto aos
episódios.
“A
família tem uma participação muito ativa na igreja e, vendo que havia um
silêncio institucional – ninguém tomava uma atitude em relação a esse episódio
trágico, com várias sequelas para a criança, como traumas psicológicos –,
resolveu procurar a Justiça para poder ter uma reparação nos campos criminal e
cível”, explicou ao Metrópoles. (Via: Metrópoles)
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