Apontado pelas autoridades como o chefão do Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar revelou, durante declarações em uma audiência, que sofre com problemas psicológicos e teria ficado sem comer logo após chegar ao presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso.
Na conversa, o criminoso comparou o tráfico de drogas com a
milícia. “Eles tratam advogados aqui nessa penitenciária como se eles fossem
cúmplices de bandido. (...) Não sou igual a miliciano, que exigia dinheiro de
empresário. Fiz um trabalho social”.
Na cadeia, Beira-Mar alega que foi torturado durante seis
meses em uma cela isolada, sem poder estudar por conta da falta de iluminação
no local.
“Quando cheguei aqui [ao presídio de Campo Grande], fui
mantido isolado em uma espécie de VPI [Verificação Preliminar de Informação]
administrativo. Alegaram me deixar isolado por um tempo desse para analisar o
meu perfil. É impossível, porque estou há 14 anos [no sistema prisional
federal]. Eles conhecem o meu perfil. Eu entendo isso como uma forma de
tortura".
Fernandinho, que vai apresentar um artigo comparando a
situação dos presídios federais à crucificação de Jesus Cristo, no Congresso
Internacional de Direitos Humanos de Coimbra, Portugal, nos dias 12 e 14 de
outubro, ainda reiterou falando que ele tem direito de ter um local decente
para viver dentro do presídio.
"Aí a direção responde: 'O preso não tem que escolher'.
Não quero escolher. Só quero ter o direito de ter um ambiente salubre para eu
poder ler, poder estudar. Estava numa cela escura, sem condição de
leitura".
Em relação à greve de fome, Fernandinho ainda complementa que
não é a favor da ação, mas precisou ficar sem comer durante 19 dias para, só
assim, conseguir entrar em contato com seu advogado.
"Sou contra a greve de fome, porque não acho que esse é o caminho. Fiquei em greve de fome para tentar atendimento com o meu advogado. Só depois disso, consegui".
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