O esquema comandado por servidores públicos para desvio e venda de armas de fogo e munições que estavam sob a guarda da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil de Pernambuco, descoberto neste ano, é apenas um dos desafios que o Estado enfrenta para evitar que esses armamentos caiam nas mãos de criminosos. Em menos de cinco anos, 1.064 armas de fogo pertencentes a empresas de segurança privada que atuam em Pernambuco foram furtadas, roubadas ou desviadas.
Os números foram obtidos pela agência de dados Fiquem
Sabendo, com base em estatísticas fornecidas pela Polícia Federal.
Somente no ano de 2017, por exemplo, 353 armas de diversos
calibres foram levadas em assaltos, arrombamentos ou “sumiram” das empresas de
vigilância e de transporte de valores no Estado. Há casos em que revólveres
foram roubados em investidas a agências bancárias, onde atuam seguranças dessas
empresas privadas, ou mesmo durante abordagens a carros-fortes.
Em 10 de agosto daquele ano, uma empresa de vigilância
localizada no município de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, foi
alvo de assalto. Cinco homens teriam conseguido levar mais de 100 armas – a
maioria revólveres calibre 38.
Já em 2020, segundo o levantamento, ao menos 383 armas de
fogo de empresas de segurança também foram roubadas ou furtadas. Uma única
empresa teve 315 revólveres furtados. Neste ano, até agosto, pelo menos 35
armas foram parar nas mãos de bandidos.
E qual o resultado disso? O aumento da violência. Em
Pernambuco, 8 em cada 10 homicídios foram praticados com arma de fogo no
primeiro semestre deste ano. Por isso, especialistas em segurança reforçam a
necessidade de diminuir a circulação de armas. E não o contrário, como vem incentivando
o governo federal.
No total, 1.679 homicídios foram mapeados em Pernambuco entre
1º de janeiro e 30 de junho. Em 1.356 casos, armas de fogo foram utilizadas. Já
em 192, foram armas brancas (facas e facões, por exemplo). Em 130 mortes,
outros tipos de objeto foram usados. Os dados são da Secretaria Estadual de
Planejamento.
Fiscalização
e Investigação
Ao todo, há 157 empresas de segurança/vigilância em
Pernambuco. Cabe à Polícia Federal (PF) o registro e concessão de posse e porte
de armas, normatização e fiscalização dos serviços de segurança privada.
Por lei, as empresas especializadas devem comunicar à PF as
ocorrências de furto, roubo, perda, extravio ou recuperação das armas, munições
ou coletes de proteção balística de sua propriedade, em 24 horas do fato.
“A atribuição para apuração dos roubos e furtos segue as
regras da Constituição. Assim, em geral, do ponto de vista criminal, as
investigações ficam a cargo da Polícia Civil”, explica o chefe da Delegacia de
Segurança Privada da Polícia Federal em Pernambuco, André de Oliveira Barbosa.
Mas se for descoberto que houve negligência no sumiço de
armas, por exemplo, a empresa privada pode sofrer punição com pagamentos de
multas de até R$ 5 mil. O mesmo vale no caso da guarda de armas, munições ou
outros produtos controlados em local inadequado. Nesses casos, as investigações
e punições cabem à PF.
Procurada pela coluna, a Secretaria de Defesa Social (SDS)
reforça que a Polícia Federal “possui assento em grupos de trabalho e
forças-tarefas de Pernambuco, a exemplo das FTs Vidas, Bancos e Roubos de
Cargas, nas quais são traçadas ações integradas de repressão a organizações
criminosas, entre elas as com atuação no tráfico de armas, crimes contra a vida
e patrimônio”. (Via: Ronda Jc)
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