Um dia após começar a vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Ministério da Saúde recuou e suspendeu a imunização para adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades. Inicialmente, o governo federal pretendia vacinar 20 milhões de pessoas desse público.
Em
nota técnica enviada às secretarias de Saúde, a pasta informa que “revisou” a
recomendação e justifica que a maioria dos adolescentes sem comorbidades
acometidos pela Covid-19 demonstra evolução “benigna”, apresentando-se
assintomáticos.
A nota foi publicada no sistema do Ministério
da Saúde às 21h30 de quarta-feira (16/9), ou seja, menos de 24 horas após o
início da campanha para esse público.
“Os benefícios da
vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente
definidos”, explica no texto a secretária Extraordinária de Enfrentamento à
Covid-19, Rosana Leite de Melo.
Além disso, segundo a secretária, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de criança e
adolescente, com ou sem comorbidades.
Inicialmente, a recomendação da pasta era
outra. Em julho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, adiantou que o público
participaria da campanha de vacinação.
O Ministro Queiroga anunciou agora há pouco que adolescentes de 12 a 17
anos serão incluídos na vacinação contra a #Covid19, com
prioridade para comorbidades, após a conclusão do envio de ao menos a 1ª dose
para a pop. adulta. A decisão foi tomada com Estados e municípios.
— Ministério
da Saúde (@minsaude) July 27, 2021
Apesar de não representarem o maior volume de hospitalizações
e de casos graves desde o início da pandemia, crianças e adolescentes respondem
por 2,5% das internações e 0,34% das mortes até agora, segundo projeções do
presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), Renato Kfouri.
De
acordo com a estimativa de Kfouri, foram mais de 520 mil internações e cerca de
2 mil mortes.
O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde
(Conass) defende a imunização desse público. “A vacinação de todos os
adolescentes é segura e será necessária, priorizando neste momento aqueles com
comorbidade, deficiência permanente e vulneráveis, como os privados de
liberdade e em situação de rua. Havendo quantitativo de doses suficientes para
atender a estas prioridades, deve imediatamente ser iniciada a vacinação dos
demais adolescentes”, informa, em nota.
Pelo menos duas capitais do país
suspenderam a imunização por causa da nota do Ministério da Saúde: as
prefeituras de Natal e de Salvador tomaram a decisão.
PNI
Antes da campanha do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cinco estados
e o Distrito Federal decidiram
antecipar a vacinação para a faixa etária entre 12 e 17 anos. Cerca de 3,5
milhões de pessoas desse grupo já receberam a primeira dose contra a Covid-19.
Neste momento, a vacina da Pfizer é a única aprovada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a faixa entre 12
e 17 anos no Brasil.
O laboratório Janssen recebeu
autorização para condução de estudos com menores de 18 anos no Brasil e está
realizando a pesquisa.
Na última semana, autoridades sanitárias americanas divulgaram dados que indicam que adolescentes não vacinados foram hospitalizados com Covid-19 em proporção 10 vezes superior aos que tomaram a injeção da Pfizer. Lá, 30 mil crianças e adolescentes estão hospitalizados por causa do coronavírus. (Via: Metrópoles)
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