A propósito de vencer de goleada sob os holofotes emprestados das Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) marcou um gol contra. E quem não enxergou o vacilo da bola balançando a rede brasileira se deixou enganar.
É inquestionável que a Anvisa
tem a obrigação de zelar pelos protocolos sanitários estabelecidos por
autoridades de saúde. É legítimo, inclusive, que, se preciso for, a agência vá
até as últimas consequências e utilize seu poder de polícia.
Agora, é totalmente desarrazoado acreditar que a Anvisa não conseguiu
fazer valer sua autoridade antes do início da partida entre Brasil e Argentina, suspensa após
os primeiros minutos de jogo na Arena Corinthians, em São Paulo, na tarde desse
domingo (5/9).
Desde a sexta-feira (3/9), é
de conhecimento público que a Anvisa sabia do descumprimento das regras
sanitárias por parte de integrantes da delegação argentina. Ora, por que,
então, não empreendeu todos os esforços, até mesmo uma advertência pública
sobre a possibilidade de não haver partida, nas 48 horas que antecederam o
jogo?
Por um motivo óbvio: porque, além de fazer valer a lei, a direção da
Anvisa queria também dar espetáculo. Se por um lado, neste caso, as autoridades
brasileiras pretenderam demonstrar rigor na aplicação de suas regras, por
outro, acabaram, mais uma vez, colocando o Brasil em uma posição de
vulnerabilidade de sua credibilidade.
Se ficamos protegidos do ponto de vista
sanitário, tornamo-nos alvo de críticas e incredulidade estrangeira. A história
que, por aqui, convenceu alguns desavisados virou prato cheio para a imprensa
internacional apontar inconsistências. Afinal, o Brasil ficou muito longe dos
índices de recuperação exibidos no Reino Unido, país de procedência dos quatro
jogadores que foram interditados em solo brasileiro.
Aqui também não se viu, em nenhum momento da pandemia, o mesmo rigor dos
protocolos sanitários que foram seguidos à risca no Reino Unido. Portanto, a
estratégia de impedir os jogadores apenas quando chegassem em campo empresta
todo o sentido à expressão “para inglês ver”. (Via: Metrópoles)
Blog: O Povo com a Notícia