O Alto-Comando do Exército, após reunião no seu quartel-general, decidiu que reconhecerá e dará respaldo ao resultado das Eleições 2022: “Quem ganhar leva”, é o posicionamento dos generais.
O colegiado é formado por 16 oficiais-generais e pelo comandante-geral do Exército, atualmente o general Freire Gomes, e indicou que a caserna vai seguir o rito de reconhecer o anúncio do vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tropa recebeu a mensagem após a última reunião dos comandantes, realizada na primeira semana de agosto, segundo informou o Estadão nesta sexta-feira (30/9).
A posição dos alto-comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica os fez evitar exposição política para dar sinais de distanciamento da inédita auditoria que as Forças Armadas farão em torno das eleições, que vai checar parcialmente a soma dos votos no domingo e monitorar testes de funcionamento das urnas eletrônicas.
Vale lembrar que a entrada dos militares no processo eleitoral se dá pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral, sem provas. O presidente se tornou um defensor do “voto impresso”, modelo que ele considera auditável e à prova de fraudes.
A urna eletrônica é auditável e jamais foi constada qualquer fraude no sistema eleitoral vigente, como já foi demonstrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A auditoria das Forças Armadas não deve adentrar na confiança do sistema. Serão realizados testes de integridade, checagem amostral do somatório por meio de boletins de votação. Vão ser verificadas 641 urnas, sendo 56 delas com uso de biometria de eleitores.
Quase zero, mas não é zero
A pasta pretende concluir o trabalho em quatro horas e enviar por volta de 21h o relatório ao TSE. O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, assinará sozinho o documento e informará Bolsonaro sobre o conteúdo.
O propósito do documento, segundo militares, é relatar o que foi verificado. Uma ressalva que costuma ser feita pelos oficias envolvidos é que um sistema informatizado nunca está 100% blindado e precisa sempre de aprimoramento. Bolsonaro explora essa informação politicamente, dizendo que o risco de fraude é “quase zero, mas não é zero”.
Diante de um cenário de desgaste para o setor, o Alto Comando, formado em maioria por oficiais da ativa promovidos ao topo da carreira nos últimos quatro anos, considera que a contestação do resultado das eleições e o questionamento da legitimidade das urnas eletrônicas devem ficar circunscritos ao presidente e aos militares da reserva da campanha da reeleição ou que ocupam cargos políticos no governo.
Estão nessa lista antigos quatro estrelas, como Walter Souza Braga Netto (candidato a vice na chapa de Bolsonaro), Augusto Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).
Fiscalização da fiscalização
Diante dos indicativos de que Bolsonaro questionará o resultado da Corte, os militares afirmam que o presidente terá de fazê-lo por meios legais e jurídicos de sua campanha. Mesmo na caserna, a impressão é que a contestação de Bolsonaro se esgotaria e seria infrutífera, conforme um general, por causa do respaldo que o TSE tende a receber de órgãos externos.
O Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, pressionou a Defesa a explicitar documentadamente o método e intenções da auditoria nas eleições, o que foi chamado nos bastidores do poder de “fiscalização da fiscalização”. (Via: Metrópoles)
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