O número de registros de casos de violência contra a mulher em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, cresceu cerca de 109% nos últimos dez anos, de acordo com dados da Secretaria de Defesa Social do estado (SDS). Segundo levantamento, em 2012 foram 1.103 denúncias. No ano passado esse número chegou a 2.302.
Os dados da SDS apontam que, em 2022, outubro foi o mês com maior número de denúncias em Petrolina, atingindo 230 ocorrências, uma média diária de 7,3 registros por dia. Com 132 registros, fevereiro foi o mês menos violento.
Para Socorro Lacerda, Coordenadora Regional da União Brasileira de Mulheres (UBM) e integrante do Conselho Estadual de Pernambuco, a falta de políticas públicas, em âmbito nacional, contribuiu para o aumento da violência contra a mulher em todo país. “Nós tivemos, praticamente, um apagamento das políticas públicas que visam conter essa violência. Políticas públicas eficazes que possam fazer com que haja um rebatimento dessa violência”, diz Lacerda, destacando que a violência “é consequência de uma situação social”.
“Nós assistimos aí, também, o confinamento das mulheres em suas casas e isso foi acirrado na pandemia. As políticas de empregabilidade que, pela lógica patriarcal excluem as mulheres, e por conta disso as mulheres ficam mais suscetíveis a essas violências”, acredita.
Os números anuais de denúncias de violência contra a mulher em Petrolina são crescentes (veja na tabela abaixo). A coordenadora regional da UBM acredita que o número de vítimas deve ser bem maior. Socorro Lacerda destaca que a violência não se enquadra apenas na agressão física. “As violências estão no campo psicológico, inclusive”.
Violência contra a mulher em Petrolina
Ano Denúncias realizadas
2012 1.103
2013 1.218
2014 1.182
2015 1.380
2016 1.487
2017 1.583
2018 1.971
2019 2.039
2020 2.029
2021 2.135
2022 2.302
“Nós entendemos que a violência foi bem maior do que essas que foram reveladas nesses dados, porque essas são as mulheres que foram encorajadas a procurar seus direitos. Ocorre que há também mulheres que ficam nesse confinamento doméstico, nessa agonia do trabalho brutal do lar e da cozinha, que sequer tiveram força para ir atrás de seus direitos e ficaram vulneráveis a seus algozes”.
Segundo a SDS, o Estado vem adotando medidas para coibir a violência contra as mulheres. “O Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Defesa Social e de suas operativas, está comprometido com a ampliação da rede de proteção à mulher. Atualmente, existem 15 Delegacias da Mulher no Estado, unidades da Polícia Civil especializadas na investigação de crimes contra a mulher”, diz a nota da Secretaria.
Em 2022, Pernambuco teve 43.553 denúncias de violência, o que corresponde a uma média de 120 mulheres agredidas por dia. Além disso, foram registrados 72 feminicídios. (Via: G1 Petrolina)
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