06 de março, celebra a Data Magna de Pernambuco. O dia faz uma homenagem à Revolução Pernambucana de 1817, quando o Estado declarou independência da colônia portuguesa.
O evento recentemente escolhido como Data Magna do Estado de Pernambuco, a Revolução Pernambucana de 1817, marca uma virada para a História do Brasil e redefine as condições políticas de uma época, trazendo para o cenário, de forma contundente, pela primeira vez, temas como emancipacionismo, abolicionismo e republicanismo. Contundente, por tratar-se de um movimento que deu certo, ainda que por pouco tempo.
A inquietação geradora da Revolução desenvolvida em Pernambuco tem início com a chegada da corte Portuguesa ao Brasil, em 1808. Fugidos de Portugal, dominado pelas tropas napoleônicas e com ajuda do governo Inglês, D. João VI e um grande número de membros de sua corte aportou na colônia brasileira.
Os altos custos da instalação da corte geraram o aumento da cobrança de impostos e consequente insatisfação dos colonos brasileiros, sobretudo os nordestinos que já estavam lidando com uma grave crise da produção açucareira.
Devemos lembrar que Pernambuco, grande produtor de cana-de-açúcar, durante o período colonial ainda não havia se recuperado da situação gerada pela expulsão dos holandeses (1654) e aumento da concorrência e do preço de seu principal produto de exportação.
Somando-se à crise econômica, em 1816, o Nordeste enfrentou uma grande seca que deixou centenas de pessoas na miséria e significou a perda de muitos recursos financeiros.
Outra questão posta no cenário pré-revolucionário pernambucano foi o centralismo administrativo português, que incomodava a governança local e os grandes proprietários de terra que não tinham autonomia para estabelecer acordos comerciais e mediar conflitos políticos.
Por fim, a tradição intelectual pernambucana trouxe da França os ideais da recente revolução daquele país e contagiou os bons homens da terra dos altos coqueiros com a filosofia iluminista de igualdade, liberdade e fraternidade.
Com o cenário armado, o conflito teve início quando o capitão José de Barros Lima, o famoso Leão Coroado, assim chamado por ostentar uma cabeleira grisalha e cacheada, matou o seu superior e tomou a capital pernambucana.
A revolução teve como característica singular a participação de membros de diversas classes sociais, de soldados de baixa patente, profissionais liberais, membros da Igreja Católica, como o Vigário Tenório, da paróquia de Itamaracá. Esta característica também deu ao movimento a alcunha de Revolta dos Padres.
A Revolução durou 75 dias e durante este período o governo revolucionário emitiu um manifesto, criou uma bandeira, a qual permanece símbolo do Estado de Pernambuco e, organizou as contas sob a liderança de Gervásio Pires. As primeiras ações foram voltadas para a diminuição dos impostos, a libertação de presos políticos e o aumento do salário de militares.
Porém, nem tudo eram flores no comando do governo republicano de Pernambuco, existia divergência quanto a alguns dos ideais colocados em pauta, sobretudo, no que dizia respeito à abolição da escravidão. Alguns donos de engenho que participaram da tomada do poder não gostaram da ideia de perder sua principal fonte de renda.
Enquanto questões como estas não eram resolvidas, os revolucionários enviaram emissários a outros estados do nordeste em busca de apoio político. Receberam sinal positivo de Ceará e Maranhão. Também foi enviado como embaixador de Pernambuco, o civil Cruz Cabugá aos EUA, recém independente.
O objetivo da missão diplomática de Cruz Cabugá era a compra de armas e o apoio no envio de tropas norte-americanas ou francesas. Foi cogitado pelo grupo que acompanhava Cruz Cabugá, inclusive ajudar na fuga de Napoleão de seu exílio e com isso reforçar as defesas de Pernambuco.
Infelizmente, nada disso aconteceu, pois, enquanto a diplomacia ocorria na terra do tio Sam, a Coroa portuguesa se organizava e invadia a capital pernambucana por terra e mar vencendo o Governo Revolucionário.
O saldo da revolução foi à morte por enforcamento e esquartejamento de grande parte dos líderes. Alguns membros da elite econômica foram presos por alguns meses e outros como o Pe. João Ribeiro cometeu suicídio. Fato este que não impediu as autoridades portuguesas de desenterrá-lo, esquartejar o seu corpo e expor a sua cabeça na praça do comércio.
Entretanto, o espírito revolucionário e as condições para a mudança de regime já estavam postas para a sociedade brasileira, o caminho para a extinção da monarquia estava traçado e o primeiro e grande passo havia sido dado em Pernambuco.
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