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terça-feira, 11 de março de 2025

Policial penal intermediava liberação de carros apreendidos em delegacia no Recife, apontam mensagens

No parecer favorável às prisões preventivas de policiais penais do Presídio de Igarassu, no Grande Recife, alvo de operação em 25 de fevereiro, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) apresentou mensagens que indicam que um dos suspeitos intermediava irregularmente a liberação de carros apreendidos no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri).

De acordo com o MPPE, o presidiário Lyferson Barbosa da Silva, que liderava um pavilhão do Presídio de Igarassu e mantinha contato por meio do WhatsApp com os policiais penais, solicitou a Newson Motta da Costa Neto que o ajudasse na liberação de um Peugeot de cor vermelha, sob a guarda do Depatri, localizado no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife. A mensagem foi enviada em 2022.

"Mano vei a gente foi ontem la no amigo pra falar se tinha como da uma força pra vê se soltava o carro do mano vei da gente lá o Peugeot vermelho. Aí ele disse q chegando no senhor o senhor dizia se tinha como. Será que o senhor tinha como da essa força lá nessa situação?", perguntou Lyferson ao policial penal.

Os erros de digitação e ortografia foram mantidos na transcrição da mensagem, obtida pela coluna Segurança.

"Boa tarde. Tem sim", respondeu o policial, segundo relatório da Polícia Federal.

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Em uma das conversas descobertas, de 19 de janeiro de 2022, Lyferson afirmou a um destinatário que o policial penal era filho de um delegado do Depatri e que "ele vai segunda resolver".

Newson Neto é filho do delegado aposentado Newson Motta da Costa Júnior, que já atuou como gestor da unidade especializada. Essa informação consta no inquérito da Polícia Federal e no parecer do MPPE.

Não há, porém, indicativo de que o delegado ajudou de alguma forma o filho na liberação irregular de veículos, nem que tivesse conhecimento dessa prática.

O MPPE também afirmou, no parecer, que outras mensagens de WhatsApp encontradas no celular de Lyferson reforçaram a relação do presidiário com o policial penal.

"Foi identificado, também, o envolvimento do policial penal Newson Motta, que, conforme as conversas encontradas, passava informações para Lyferson, fazia com que as drogas entrassem no presídio e fazia buscas em bancos de dados em favor da organização criminosa", pontuou o MPPE.

Questionada pela coluna se a suposta liberação irregular de veículos no Depatri seria investigada, a assessoria da Secretaria de Defesa Social declarou, em nota oficial, que "a Corregedoria Geral da SDS solicitou à Justiça o compartilhamento dos dados da investigação para instalar o processo administrativo".

CORRUPÇÃO NO PRESÍDIO DE IGARASSU

Newson Neto foi um dos oito policiais penais presos preventivamente na Operação La Catedral - incluindo Charles Belarmino de Queiroz, que exerceu a função diretor do Presídio de Igarassu de 1º de abril de 2016 até o final de 2024.

As investigações da Polícia Federal indicaram que o ex-diretor e os policiais penais liberavam festas e a entrada de pessoas não autorizadas na unidade prisional, incluindo garotas de programa, a pedido de Lyferson. Também teriam liberado drogas, celulares e outros materiais irregulares. Até um laboratório de produção de crack foi encontrado em um espaço cultural da unidade prisional.

Em troca, os profissionais da segurança recebiam dinheiro via Pix, comida e outros tipos de propina.

Na operação, outro policial penal e uma dentista que atuavam no presídio foram afastados das funções públicas por determinação da Justiça.

Em nota, o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco afirmou que o departamento jurídico acompanha os desdobramentos da operação, garantindo o direito dos profissionais, mas que "não compactua com qualquer conduta que possa configurar desvio de função ou prática criminosa". (Via: Ronda Jc)