Cada vez mais mulheres no Brasil esperam os 30 anos para ter filhos. O índice de brasileiras neste perfil passou de 22,5%, em 2000, para 30,2%, em 2012. Ao mesmo tempo, a quantidade de pessoas que engravidam antes dos 19 caiu de 23,5% para 19,3%. Os dados constam na pesquisa “Saúde Brasil”, divulgada pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (29/10). O levantamento também mostra que houve redução de 13,3% no total de nascimentos no país no período analisado e que, desde 2005, a taxa de fecundidade está inferior à de reposição populacional. Isso indica a tendência de redução da população no futuro. De acordo com o estudo, a mudança no perfil está atrelada à taxa de escolaridade. Quanto mais anos de estudo, mais tardia é a opção pela maternidade. Das mulheres entrevistas no levantamento com mais de 12 anos ou mais de estudos, 45,1% esperaram completar três décadas de vida para engravidar. A maior parte das mães com 30 anos ou mais está no Sudeste, com 34,6% do total, seguida pelo Sul, com 33,6%, pelo Centro-Oeste, cuja taxa é de 28,8%. Nordeste e Nordeste são as regiões com a menor concentração, com 26,1% e 21,2%, respectivamente. Entre as que tem menor escolaridade, o índice de pessoas que tiveram filhos com menos de 20 anos é maior. Das mulheres com até 3 anos de estudo, 51,4%, tiveram fihos com menos de duas décadas de vida e das que têm de 4 a 7 anos de estudo, 69,4% foram mães com menos de 20 anos. O estudo ainda traz dados sobre outra tendência no país, de queda no número de nascidos por causa da redução da fecundidade em todas as regiões, que está inferior à de reposição. Já em 2012, a taxa de reposição populacional foi de 1,77 filhos/mulher, inferior à média mundial, de 2,1 filhos/mulher. A única região que teve uma taxa superior foi o Norte, com 2,24 fihos por mulher e a menor, no Sul, com taxa de 1,66.
A diretora do departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Saúde, Thereza de Lamare, aponta dois principais motivos para a tendência da maternidade tardia. “Está relacionado, principalmente à entrada da mulher no mercado de trabalho melhoria do acesso das mulheres à anticoncepção”, diz. A mudança na pirâmide etária brasileira, segundo Thereza, também traz desafios relacionados ao perfil de doenças crônicas, típicas do envelhecimento. “Temos de pensar ações de cuidado para essa população, para não vir a intensificar outras doenças e, por outro lado, também temos desafios no avanço de que as mulheres tenham acesso aos métodos anticoncepcionais e possam escolher o momento da gravidez”, disse. Para Thereza, os dados do estudo ajudam justamente a pensar políticas que possam evitar as complicações traziadas pelo envelhecimento e proporcionar melhores condições para as mães terem seus filhos. “Mostrando a mudança de comportamento nos ajuda a pensar melhor as políticas para que as mulheres e as famílias possam ter filhos em melhores condições. E também espaços públicos em que possam ter mais segurança de ter filhos, que possa reduzir esse encargo, como por exemplo, ter aumento no número de creches”, afirmou.
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