A polêmica em torno da peça
teatral O Evangelho Segundo Jesus,
Rainha do Céu – em que Jesus Cristo é retratado como
transexual – rendeu comentários no Plenário da Alepe no retorno das atividades
legislativas, nesta quarta (1º). Os deputados Adalto Santos (PSB), André Ferreira (PSC) e Joel da Harpa (PP) foram à Tribuna registrar
indignação com o caso, que consideraram desrespeitoso com os cristãos. Edilson Silva (PSOL) fez uso da palavra para pedir
“equilíbrio” e Waldemar Borges (PSB) registrou ressalvas à
“exploração política” do tema.
A obra seria apresentada no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG),
realizado pelo Governo do Estado com apoio de parceiros privados, e acabou
excluída da programação no último final de semana, após uma sucessão de
decisões judiciais. O espetáculo acabou acontecendo na cidade do Agreste
Meridional, paralelamente ao evento, em uma apresentação privada, custeada por
recursos arrecadados pela internet.
Adalto Santos agradeceu ao
Governo do Estado por acolher os pedidos pela retirada da montagem teatral da
programação. “Deixamos nosso repúdio aos organizadores da peça. O Brasil não é
dirigido pela Bíblia, mas todos nós seremos julgados por ela”, afirmou. “Esse
pessoal será responsável por causar uma guerra civil no nosso País. Eles não
têm limite para afrontar o Cristianismo”, criticou.
Já para André Ferreira, a gestão estadual teve culpa no ocorrido. “O
Governo já não tem controle sobre a violência, não consegue mais oferecer saúde
de qualidade aos pernambucanos e agora peca contra a família cristã”, disse. “O
FIG foi criado para incentivar a cultura, não para incentivar movimentos LGBT”,
frisou. Joel da Harpa se manifestou no mesmo sentido: “O grande responsável é o
governador Paulo Câmara, quando colocou a peça na programação e causou essa celeuma
enorme”.
Edilson Silva pediu que se
diminuíssem os “tons acusatórios”. “Estive em Garanhuns, vi a peça e o que
assisti foi a uma mensagem sobre perdão, gratidão e acolhimento”, relatou.
“Quem se ofendeu tem todo o direito de ficar ofendido, mas, em um momento de
temperatura tão alta, nós precisamos refletir”, continuou. “Não podemos
confundir as coisas e utilizar a situação para fazer disputa eleitoreira.”
Waldemar Borges observou que a escolha da programação do FIG foi feita por
uma comissão “que pode não ter percebido a dimensão que o assunto iria tomar”.
“Alguns querem atribuir diretamente ao governador, ou mesmo ao secretário de
Cultura, a responsabilidade por algo que não foi deliberado pessoalmente por
nenhum dos dois”, ressalvou.
O pronunciamento de artistas sobre o episódio, durante apresentações do
festival, também provocou reações de deputados. Parlamentares revelaram
mal-estar principalmente com as declarações do cantor Johnny Hooker. No último
fim de semana do evento, ao tentar defender a peça, o artista disse que
Jesus era “travesti”.
“É um cantorzinho, um homossexual
que quer colocar em Pernambuco as suas práticas. Em nosso Estado queremos
respeito”, declarou André Ferreira, comunicando que irá procurar a Justiça para
impedir que o artista seja pago pelo show. “Faremos um grande movimento, unindo
todas as igrejas cristãs: ‘se Paulo Câmara pagar o cachê, o voto não vai ter’
”, anunciou Joel da Harpa. A causa foi acompanhada, em apartes, por Adalto
Santos e Pastor Cleiton Collins (PP).
Jadeval de Lima (PMN)
também manifestou repúdio à conduta do cantor, mas disse estranhar que a
discussão “esteja sendo levada para culpar Governo ou Oposição”. “O tema não
tem nada a ver com isso”, opinou. Já Priscila Krause (DEM)
ponderou que a gestão estadual errou ao deixar de dialogar com a sociedade
civil no processo de escolha da programação do festival. “Sem a interlocução,
em algum momento o desentendimento iria aflorar, como ocorreu neste ano. Um
evento para agregar diferentes públicos acabou acirrando os ânimos e provocando
um debate sem vencedores”, lamentou.
Também
criticaram a postura de Johnny Hooker, em apartes, os deputados Álvaro Porto (PTB), Antônio Moraes (PP), Bispo Ossesio Silva (PRB), Odacy Amorim (PT), Rodrigo Novaes (PSD) e Teresa Leitão (PT). Na
Tribuna, Edilson Silva e Waldemar Borges também expressaram reprovação à
conduta do artista.
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