A liberação de parcela das contas ativas
(dos contratos atuais) do FGTS para os trabalhadores deve dar impulso à
economia e pode garantir ao presidente Jair Bolsonaro um crescimento do Produto
Interno Bruto acima de 1% no primeiro ano do governo.
A
expectativa da equipe econômica é que os saques reforcem o PIB em 0,3 ponto
porcentual, o que elevaria a projeção para 1,1% – mesmo nível registrado nos
dois anos anteriores do governo Michel Temer. Segundo modelos preparados para a
liberação dos saques, o impulso ao crescimento pode ficar entre 0,2 e 0,4 ponto
porcentual. Hoje, o governo trabalha com estimativa de crescimento de 0,81%.
Com a
revelação nesta quarta-feira (17), dos detalhes do projeto, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, determinou à sua equipe que acelerasse a proposta para
ser apresentada na noite de quarta ao presidente Bolsonaro.
A
medida deverá ser anunciada nesta quinta-feira e valerá para contas ativas
e inativas (de contratos de trabalho anteriores). Segundo fontes, Guedes, que
passou a quarta-feira na Argentina, exigiu da equipe da Secretaria de Política
Econômica (SPE), que elabora o programa, manter intocados os recursos do FGTS
para a habitação. Com isso, o valor da liberação vai cair de R$ 42 bilhões para
R$ 30 bilhões.
O
Ministério da Economia deve permitir que os trabalhadores saquem entre 10% e
35% dos recursos das contas ativas do FGTS dependendo do saldo que possuem no
fundo.
Para
o economista da LCA Consultores Vitor Vidal, o impacto da liberação das contas
ativas do FGTS sobre o consumo e, consequentemente, sobre o PIB pode ser maior
agora do que na liberação das contas inativas promovida pelo governo de Michel
Temer em 2017. Isso porque a inadimplência das famílias hoje é menor.
Em
2017, fizeram o saque de cerca de R$ 44 bilhões de contas inativas 25,9 milhões
de trabalhadores. Vidal cita que uma pesquisa do Ibre/FGV na época mostrou que
40% desses recursos foram destinados ao pagamento de dívidas.
A
economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC) Marianne Hanson também estima que o impacto sobre a economia pode ser
maior dada a melhoria nas expectativas para a atividade no segundo semestre,
com o andamento da reforma da Previdência.
A
CNC, em 2017, calculou que um quarto dos recursos foi destinado ao consumo, o
que levou a um aumento de 1,4% no varejo entre março e julho, meses em que os
valores foram sacados. Marianne acredita que setores mais ligados à renda podem
ser mais beneficiados, como o de supermercados.
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