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segunda-feira, 16 de março de 2020

Brasil não terá voto impresso e no futuro votará no celular, diz ministro


Futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, diz que não existem condições para o retorno do voto impresso no Brasil. Defende a modernização do processo eleitoral no país, hoje realizado por meio das urnas eletrônicas.

“Vira e mexe se fala em voltar ao voto impresso. É mais ou menos como abrir uma locadora de videocassete se voltarmos ao voto impresso a esta altura”, disse Barroso em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do programa Poder em Foco, uma parceria editorial do SBT com o jornal digital Poder360.

Para Barroso, a oferecer o voto impresso conjuntamente com o voto eletrônico, além de ser uma medida considerada inconstitucional pelo Supremo desde 2018, teria um “custo estratosférico”, podendo resultar em “inconsistências” eleitorais, e, consequentemente, no processo de judicialização das eleições.

“Não haveria condições porque para se ter o voto impresso você teria que renovar todas as urnas existentes. Porque você tem uma urna eletrônica que não tem uma impressora acoplada. E são quase 500 mil urnas. Você precisaria licitar 500 mil impressoras num novo sistema. Provavelmente, a urna [atual] não será aproveitável. Você terá que trocar de urna, [o que seria] uma fortuna e simplesmente não haveria tempo”, diz.

Barroso afirma que o Brasil tem hoje “o melhor sistema de apuração eleitoral do mundo” e a urna eletrônica tem se revelado segura e “imune a fraudes”. Segundo ele, a coerência entre o que mostram as pesquisas de opinião realizadas durante o ano eleitoral e resultados das urnas ao fim do pleito também demonstram isso.

“Antigamente, na República Velha, a fraude eleitoral foi um problema no Brasil. Hoje em dia não é fácil você fraudar as eleições, porque você tem pesquisas sérias vindas de múltiplos órgãos. Embora haja discussões sobre algum direcionamento durante as pesquisas, a verdade é que se o resultado eleitoral for muito incongruente com a boca de urna na hora da saída, acende-se uma luz amarela. Não é fácil fraudar. A verdade é que na experiência brasileira das urnas eletrônicas não houve nenhum episódio relevante de fraude até hoje denunciado e apurado”, diz.

“[A segurança sobre o voto em urna eletrônica] É a mesma certeza que você tem como quando você faz uma operação bancária de milhões de reais pela internet ou quando você manda sua declaração do Imposto de Renda. São sistemas que se tornaram altamente sofisticados e altamente confiáveis. Era preciso que houvesse uma conspiração de milhares de pessoas simultaneamente consertadas para fraudar esse processo”, defende.

O voto impresso tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou em dezembro de 2019, que apresentaria ao Congresso Nacional uma proposta para retomar o método eleitoral no Brasil.

Bolsonaro argumenta que na apuração de 2018 o Nordeste “que é base do PT” já havia escrutinado 80% dos votos. No Sudeste, “oposição ao PT”, no mesmo momento só havia 20% da apuração concluída. “O resultado naquele momento era de 49% para mim. Com a tendência, entrando Sudeste, era para a gente ganhar com 55%, 56%. Isso não aconteceu. Foram mantidos os 49%. Então é um grande indício de que poderiam estar mexendo no algoritmo”, disse o presidente.

Blog: O Povo com a Notícia