Futuro presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, diz que não existem condições para o
retorno do voto impresso no Brasil. Defende a modernização do processo
eleitoral no país, hoje realizado por meio das urnas eletrônicas.
“Vira
e mexe se fala em voltar ao voto impresso. É mais ou menos como abrir uma
locadora de videocassete se voltarmos ao voto impresso a esta altura”, disse
Barroso em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do
programa Poder em Foco, uma parceria editorial do SBT com o jornal digital
Poder360.
Para
Barroso, a oferecer o voto impresso conjuntamente com o voto eletrônico, além
de ser uma medida considerada inconstitucional pelo Supremo desde 2018, teria
um “custo estratosférico”, podendo resultar em “inconsistências” eleitorais, e,
consequentemente, no processo de judicialização das eleições.
“Não
haveria condições porque para se ter o voto impresso você teria que renovar
todas as urnas existentes. Porque você tem uma urna eletrônica que não tem uma
impressora acoplada. E são quase 500 mil urnas. Você precisaria licitar 500 mil
impressoras num novo sistema. Provavelmente, a urna [atual] não será
aproveitável. Você terá que trocar de urna, [o que seria] uma fortuna e
simplesmente não haveria tempo”, diz.
Barroso
afirma que o Brasil tem hoje “o melhor sistema de apuração eleitoral do mundo”
e a urna eletrônica tem se revelado segura e “imune a fraudes”. Segundo ele, a
coerência entre o que mostram as pesquisas de opinião realizadas durante o ano
eleitoral e resultados das urnas ao fim do pleito também demonstram isso.
“Antigamente,
na República Velha, a fraude eleitoral foi um problema no Brasil. Hoje em dia
não é fácil você fraudar as eleições, porque você tem pesquisas sérias vindas
de múltiplos órgãos. Embora haja discussões sobre algum direcionamento durante
as pesquisas, a verdade é que se o resultado eleitoral for muito incongruente
com a boca de urna na hora da saída, acende-se uma luz amarela. Não é fácil
fraudar. A verdade é que na experiência brasileira das urnas eletrônicas não
houve nenhum episódio relevante de fraude até hoje denunciado e apurado”, diz.
“[A
segurança sobre o voto em urna eletrônica] É a mesma certeza que você tem como
quando você faz uma operação bancária de milhões de reais pela internet ou
quando você manda sua declaração do Imposto de Renda. São sistemas que se
tornaram altamente sofisticados e altamente confiáveis. Era preciso que
houvesse uma conspiração de milhares de pessoas simultaneamente consertadas
para fraudar esse processo”, defende.
O voto
impresso tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou em
dezembro de 2019, que apresentaria ao Congresso Nacional uma proposta para
retomar o método eleitoral no Brasil.
Bolsonaro
argumenta que na apuração de 2018 o Nordeste “que é base do PT” já havia
escrutinado 80% dos votos. No Sudeste, “oposição ao PT”, no mesmo momento só
havia 20% da apuração concluída. “O resultado naquele momento era de 49% para
mim. Com a tendência, entrando Sudeste, era para a gente ganhar com 55%, 56%.
Isso não aconteceu. Foram mantidos os 49%. Então é um grande indício de que
poderiam estar mexendo no algoritmo”, disse o presidente.
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