O Ministério da Saúde confirmou
nesta quarta-feira (4) o terceiro caso do novo coronavírus no Brasil. Todos os
três são de São Paulo. O paciente é um homem de 46 anos nascido na Colômbia,
mas que vive em São Paulo. Nas últimas semanas, ele esteve na Espanha, Itália,
Áustria e Alemanha, e voltou no dia 29. Nesta quarta, foi atendido no hospital
Albert Einstein e teve o caso confirmado em exames. Agora ele está em
isolamento domiciliar. O exame inicial foi confirmado em testes de
contraprova no Adolfo Lutz.
Um possível quarto caso, registrado em São Paulo e com primeiro exame
positivo, ainda está em investigação. A paciente, de 13 anos, foi atendida no
hospital Beneficência Portuguesa. Antes, esteve em Milão e depois na região de
Dolomitas, na Itália, onde ficou internada em um hospital por causa de uma
lesão no joelho.
Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a paciente não teve
sintomas até o momento. Ainda assim, esteve no hospital na segunda-feira (2),
onde fez um teste para o coronavírus, cujas amostras foram enviadas ao Fleury e
deram positivo. O exame aguarda resultado de contraprova.
Atualmente, não há recomendação para que casos sem sintomas sejam testados.
"Por precaução, por conta desse histórico, ela fez um teste e deu
positivo. É um ponto fora da curva", disse o ministro, que aguarda
detalhes do caso. "O sistema jamais detectaria."
Questionado, o ministro diz que, se confirmado, o caso não deve mudar as
orientações da pasta. "Não vamos fazer exame de todo mundo para, numa
loteria esportiva, saber se alguém teve o vírus", disse. O mesmo vale para
aeroportos. "Não vamos testar todas as pessoas que vieram de um voo
internacional, mesmo que seja uma pandemia. É totalmente ineficaz."
Ele recomenda, no entanto, que pessoas que cheguem de países onde há
transmissão adotem medidas de cautela, o que não significa indicar o isolamento
domiciliar. "Não estamos falando em determinar isolamento para
assintomáticos pelo simples fato de terem viajado para fora do país. Mas
estamos dizendo que aquelas pessoas que tenham sinais e sintomas se coloquem em
isolamento e procurem uma unidade de saúde para que possam receber orientações
e que possamos monitorar os contactantes", disse.
O ministro também voltou a recomendar que pessoas só viajem a áreas de
transmissão se houver necessidade. "Casos de comércio, de negócios,
se puder fazer por videoconferência, melhor."
De acordo com Mandetta, a secretaria de saúde já começou a monitorar
possíveis contatos do paciente que teve o caso confirmado. O número não foi
informado. Os dois primeiros pacientes que tiveram a confirmação da
doença covid-19 também estão em isolamento domiciliar. Mandetta disse
ainda que o fato de todos os casos confirmados até o momento serem da rede
privada já era esperado. “São turistas de alto poder aquisitivo”, disse.
Balanço do ministério divulgado nesta quarta aponta que subiu para 530 o
número de casos possíveis do novo coronavírus monitorados no país. Na
terça-feira, eram 488 casos em investigação.
Os dois primeiros pacientes que tiveram a confirmação da doença covid-19 também
estão em isolamento domiciliar.
Entre os casos, 135 são em São Paulo, 98 no Rio Grande do Sul e 82 em
Minas Gerais, estados com maior volume de registros. Os demais estão
distribuídos em 20 estados. Nesta semana, o Ministério da Saúde decidiu incluir
os Estados Unidos e outros 12 países na lista daqueles que devem ser observados
pela rede de saúde para definir casos de suspeita de infecção pelo novo
coronavírus.
Até então, eram considerados apenas os pacientes com febre e outros
sintomas respiratórios —como tosse e dificuldade para respirar— e histórico de
viagens a 16 países onde havia mais de cinco casos de transmissão local. O
intervalo para esse histórico é de até 14 dias antes do início dos sintomas.
Com isso, o total de países monitorados chega a 31. A mudança ocorre após
análise de que há transmissão local do vírus em algumas regiões dos Estados
Unidos, como a Califórnia, além de países da Europa, como Reino Unido e
Noruega.
Segundo Mandetta, apesar do aumento de casos no Brasil, todos ainda são
importados, o que indica que não há ainda uma transmissão local no
país. Ele voltou a cobrar, porém, que a Organização Mundial de Saúde
reconheça a situação como pandemia, uma vez que já há registro de transmissão
em diferentes países. "Já não é mais falar se teremos um critério pandêmico,
mas quando", disse. "Isso não quer dizer que o Brasil não vai fazer
mais a vigilância que está fazendo." (Via: Folhapress)
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