Testes preliminares feitos com um
pequeno grupo de pacientes na China sugerem que um medicamento desenvolvido
para combater outras doenças virais também poderia ter efeitos positivos contra
a atual pandemia de Covid-19, informa a agência de notícias Reuters.
Trata-se do favipiravir, produzido comercialmente no Japão com o nome de
Avigan. O fármaco ainda não tem registro na Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), não podendo, portanto, ser vendido no Brasil. Hoje, ele
é produzido apenas sob demanda no país onde foi desenvolvido.
Segundo Zhang Xinmin, funcionário do Ministério da Ciência e Tecnologia da
China, cerca de 80 pacientes da região de Shenzhen que receberam o remédio
tiveram melhora mais rápida de seus sintomas respiratórios e demoraram menos
tempo para eliminar o vírus de seu organismo. De acordo com o Nikkei Asian
Review, jornal japonês de língua inglesa, essas melhoras se deram após 4,6 dias
(no caso da tosse) e quatro dias (no caso dos testes sobre a presença do
material genético do vírus), contra uma média de seis e 11 dias dos pacientes
que não tomaram o remédio.
Os dados disponíveis até o momento indicam que o favipiravir atrapalha o
processo de cópia do RNA, molécula “prima” do DNA que serve de material
genético para muitos vírus, como o novo coronavírus, ou Sars-CoV-2, e também os
causadores da febre amarela, da gripe e do Ebola.
Ao impedir que esses vírus produzam novas cópias de seu genoma, a droga
seria capaz de barrar a reprodução viral nas células humanas.
Durante o surto de Ebola de 2014, que matou mais de 11 mil pessoas, o
medicamento japonês chegou a ser testado contra o vírus da doença, mas mostrou
efeitos positivos apenas em pacientes que tinham quantidade relativamente baixa
do parasita em seu organismo.
O governo do Japão considera que ele poderia ser uma linha de defesa
possível contra novas variantes perigosas de vírus da gripe.
Os resultados ambíguos da droga no combate ao Ebola, bem como a
dificuldade geral de produzir medicamentos antivirais altamente eficazes,
sugerem que ainda é cedo para considerar remédios como o favipiravir uma opção
viável para tratar a Covid-19. Além disso, é preciso considerar o risco de
efeitos colaterais, ainda não detectados por não ter ocorrido uso em massa.
Apesar disso, as ações da Fujifilm, cujo braço farmacêutico fabrica a
droga, subiram 15%. A empresa, porém, ressaltou que sua licença para produzir o
medicamento na China expirou em 2019. Isso deve abrir espaço para que, caso
necessário, os chineses produzam uma versão genérica do remédio.
Blog: O Povo com a Notícia