O que tinha tudo para ser uma festa dentro
de campo virou uma guerra campal antes dos 90 minutos do primeiro Clássico das
Multidões do ano, na Ilha do Retiro, pela 6ª rodada da Copa do Nordeste.
A
decisão judicial pela extinção compulsória da Torcida Jovem do Sport e da
Torcida Organizada Inferno Coral, de 17 de fevereiro, praticamente não teve
efeito no mundo real. Com violência e sem escolta policial específica, bandos
de um lado e do outro se enfrentaram em vias e terminais do Grande Recife,
confrontaram a policiais, ameaçaram cidadãos e, no final, a maioria assistiu ao
1×0 dos rubro-negros contra os tricolores, se provocando ainda mais.
Trabalharam
na operação do jogo, segundo nota da Secretaria de Defesa Social, 497 policiais
militares, na área interna, externa e principais vias de acesso à Ilha do Retiro.
Ainda segundo o texto, foram “385 policiais no acesso ao local da partida,
inclusive com guarnições motorizadas nas áreas de estações de metrô e terminais
integrados de passageiros, a fim de inibir a ação de vândalos. Dentro do
estádio, atuaram 112 policiais do Batalhão de Choque. O Centro Integrado de
Controle e Comando Regional (CICCR) monitorou toda a operação, com câmeras de
videomonitoramento e contato direto com os policiais nas ruas e no campo”. Não
há informações sobre detidos.
As
primeiras informações de violência foram ainda do começo da tarde deste sábado.
Dois grupos se enfrentaram na Estação Camaragibe do Metrorec, na cidade de
Camaragibe, na Região Metropolitana, uma distância de cerca de 12 quilômetros
do estádio.
Em
nota, a PM disse que “na manhã de hoje (ontem), por volta das 11h30, policiais
militares do 20° BPM foram acionados para averiguar um conflito entre
torcedores do Santa Cruz e Sport dentro da integração de Camaragibe, onde os
mesmos estavam soltando fogos contra os adversários. O efetivo policial
conseguiu dispersar os responsáveis e controlar a situação no local, onde
permanece realizando rondas. Não houve detidos”.
Nas
proximidades do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, no Grande
Recife, um grupo de torcedores do Sport a caminho da Ilha do Retiro, de
amarelo, aparece sendo abordado por duas viaturas de polícia. Em outro local,
um dos torcedores caminhava com uma barra de madeira na mão.
Depois,
mais vídeos de usuários do WhatsApp se espalharam com gritos de provocações de
outros grupos na Avenida Conde da Boa Vista, região Central do Recife, mais
perto da Ilha do Retiro. Em todo trajeto, a Polícia Militar não realizou o
cerco que fazia controlando integrantes violentos de torcidas visitantes a
caminho de clássicos. Isso ocorria antes da decisão de extinção das
organizações. Além da Jovem e da Inferno, a alvirrubra Torcida Jovem Fanáutico
também está incluída na lista de facções proibidas pela justiça pernambucana de
atuar.
O
terror aumentou nas proximidade da Ilha do Retiro, nas imediações da Avenida
Agamenon Magalhães, na altura do Real Hospital Português, quando torcedores de
um lado e do outro se encontraram. No local, a polícia reagiu para conter a
violência. Em um dos momentos, usou helicóptero para dispersar.
Em
nota, a Secretaria de Defesa Social disse que “o Grupamento Tático Aéreo (GTA)
utilizou artefatos não-letais de efeito moral (gás lacrimogêneo) para ajudar a
conter torcedores que promoviam tumulto, contando também com a intervenção, em
terra, de policiais militares do 12º Batalhão”.
Após
o jogo, a torcida do Santa Cruz ficou retida por 30 minutos. Depois, a maioria
seguiu a caminho do Centro, pela Conde da Boa Vista. Era acompanhada por
policiais do Batalhão do Choque e de outras guarnições. Até a publicação desta
matéria, não havia mais registros de violência.
Torcidas Organizadas
O
juiz Augusto Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública, decretou extinção
compulsória da Jovem, Inferno Coral e Fanáutico no dia 17 de fevereiro. Também
determinou que cada uma pague à Justiça 10% dos honorários advocatícios do
valor da causa.
A
sentença foi resultado de duas ações movidas pelo Ministério Público de
Pernambuco (MPPE) contra as torcidas organizadas, em 2012 e 2014. E que foram
julgadas após aumento da pressão social com episódio mais recente de violência
protagonizada por esses grupos. Durante uma celebração pelos 106 anos de
fundação do Santa Cruz, no Pátio de Santa Cruz, região central da capital,
integrantes da Jovem levaram pânico chegando de surpresa e atuando inclusive
contra crianças. (Via: Jc Online)
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