Nove bolsonaristas foram nomeados para trabalhar em um ministério de primeiro escalão dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro que fez as nomeações desobedeceu uma ordem direta do presidente da República.
Os nove bolsonaristas haviam sido demitidos pelo atual governo depois de ocuparem cargos estratégicos na gestão de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente. Desde que assumiu o Palácio do Planalto, o petista tem cobrado de seus ministros uma "desbolsonarização" das pastas. A informação é do jornal O Estado de São Paulo.
As nomeações foram feitas pelo Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), que já recebeu um ultimato de Lula por conta de suspeita de práticas irregulares.
Tatiana Marques Gaspar da Silva foi contratada como assessora especial do ministro com salário de R$ 13,6 mil.
O Ministério das Comunicações conta com três secretarias que eram comandadas por omissionados exonerados pelo governo Lula por terem ocupado cargos de confiança na gestão Bolsonaro.
O ministro chamou para ser seu braço direito uma influente comissionada do Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta que operou bilhões do orçamento secreto. Sônia Faustino Mendes substituiu Juscelino na chefia da pasta, em fevereiro, durante viagem dele a Portugal.
No governo anterior, Mendes era chefe do Departamento de Estruturação Regional e Urbana do MDR. A então diretora era responsável por analisar projetos, supervisionar obras e gestão de transferências de recursos e estabelecer critérios para priorização de investimentos. Agora é secretária-executiva do Ministério das Comunicações, a número 2 do ministro.
Nas secretarias de Comunicação Social Eletrônica - antiga Radiodifusão - e de Telecomunicações, Juscelino promoveu uma dança de cadeiras que, na prática, preservou ex-integrantes do governo Bolsonaro do comando da pasta.
Por exemplo: exonerado no primeiro dia da gestão de Lula, Maximiliano Martinhão era secretário de Radiodifusão na gestão anterior e voltou à pasta como secretário de Telecomunicações. Ele chegou a participar de motociata em apoio a Bolsonaro e registrar em suas redes sociais.
O posto era ocupado no governo passado por Nathalia Lobo, que virou agora diretora do Departamento de Política Setorial. Já William Zambelli e Otávio Caixeta eram diretores subordinados de Martinhão. Ambos voltaram à pasta, acompanhando o ex-chefe na mudança para a Secretaria de Telecomunicações, e se tornaram assessores dele.
Por sua vez, Wilson Wellisch passou do comando do Departamento de Política Setorial para o comando da Secretaria de Comunicação Social Eletrônica, um posto ainda mais alto. Outro demitido, Pedro Lucas Araújo voltou ao mesmo cargo de chefe do Departamento de Investimento e Inovação.
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