O ministro Sergio Moro (Justiça) concedeu
entrevista ao apresentador Ratinho, no SBT. No programa, que foi veiculado
nesta terça-feira (18), Moro disse que os vazamentos de conversas com
procuradores do MP são fruto de ação de um grupo criminoso organizado. As
conversas entre Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato estão sendo
divulgadas em reportagens do site The Intercept.
Segundo
o ex-juiz, a violação de seu celular e de membros do MPF (Ministério Público
Federal) por parte de hackers representa um “ataque orquestrado às
instituições”. Tanto do Executivo Federal quanto do Judiciário e do MP.
“A
gente não está falando de um adolescente na frente de um computador […] mas de
um grupo criminoso organizado, tentando obstruir os avanços da operação Lava
Jato”, disse o ministro.
Moro
falou ainda que o objetivo dos hackers é a anulação de processos de quem
já foi condenado e está preso. Usou dois exemplos, sem citar nomes: quem tem
conta na Suíça e quem foi favorecido por empreiteiras.
Já
quanto às mensagens em si, o ex-magistrado voltou a dizer que não pode negar
nem confirmar a veracidade das conversas. De acordo com Moro, ele não possui
mais as mensagens, que foram trocadas no aplicativo Telegram.
REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE
Moro
afirmou que desde o começo deste ano, os índices de criminalidade já reduziram
23%. Segundo ele “ainda é cedo para soltar rojão”, pois os número ainda são
“muito altos”.
Porém,
disse que as campanhas do governo Federal, em parceria com os Estados, são um
fator importante nessa diminuição.
Essa “endurecida”
– como chamou Ratinho – por parte dos governos estaduais e da União, também é
uma dos responsáveis pela redução das invasões de terra, disse o ministro.
Atribuiu
ao “discurso rigoroso e menos leniente” do presidente Jair Bolsonaro o sucesso
no combate à criminalidade. “Os dados mostram”, afirmou Moro. Aliado a isso,
também disse que a defesa dos policiais funciona como um estímulo para uma
dedicação maior dos profissionais. Declarou que, obviamente, há desvios de
éticos na corporação, mas que isso não acontece exclusivamente nas polícias.
O
chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública falou ainda sobre a violência na
cidade Rio de Janeiro. Disse que o governo vai implantar um projeto – que está
em fase de testes – para combater a criminalidade em cinco cidades.
A
medida, que terá o apoio da PF (Polícia Federal), PRF (Polícia Rodoviária
Federal), Força Nacional e governos deve ser implementada no 2º semestre.
Afirmou que Bolsonaro deve anunciar os outros quatro municípios participantes
em breve.
SEGURANÇA EM PRESÍDIOS
O
ex-juiz da Lava Jato voltou a defender pontos do pacote anticrime. Focou nas
segurança nas penitenciárias federais. Afirmou que a decisão de transferir os
criminosos mais perigosos para esse tipo de instalação se deu pelo protocolo de
segurança.
Disse
que pontos como visitas em parlatório, a proibição da entrada de celulares e a
monitoração de conversas contribuem para manter a segurança nos locais.
Moro
usou como exemplo um presídio na cidade de Chapecó (SC), visitado por ele
recentemente. O ministro afirmou que há cerca de dois mil presos no local e que
mais da metade deles trabalha para se manter. “Tem que investir no trabalho do
preso para financiar o sistema”, declarou.
Uma
das estratégias do ex-magistrado para conter o crime organizado dentro das prisões
é confiscar o patrimônio de líderes dessas organizações. Outra é impedir
saídas temporárias em quaisquer circunstâncias para quem cometer algum crime
hediondo.
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