Um ex-vereador jogou comprovantes bancários em um vaso sanitário para tentar se livrar das provas contra si quando policiais chegaram à casa dele, nesta quinta-feira (1º). A informação foi divulgada pelo delegado Ivaldo Pereira, que detalhou a ação que investiga o político e policiais suspeitos de tráfico de drogas, roubos e outros crimes.
"[Os documentos] comprovam o envolvimento dele em remessas de dinheiro para outros estados justamente para a questão do tráfico de drogas", disse o delegado.
Segundo a polícia, dentro da ação, foram bloqueados R$ 64 milhões por ordem da Justiça e apreendidos carros, armas, munições, documentos, computadores e celulares.
O político, que não teve o nome revelado, foi eleito vereador em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, em 2016 e tentou a reeleição, mas não conseguiu, segundo o delegado. Os documentos jogados por ele no vaso sanitário foram recuperados e vão ser analisados pelos peritos.
O delegado afirmou que o ex-vereador tinha participação em diversos crimes e que os documentos apreendidos comprovam que ele recebia e enviava dinheiro para pessoas não identificadas em diferentes estados.
Além dele, são investigados um perito papiloscopista da Polícia Civil, três policiais militares de Pernambuco e um de Alagoas, além de um ex-PM que foi excluído da corporação pernambucana e outras pessoas que não tiveram profissões detalhadas.
"[Os policiais tinham] papel de liderança. Facilitavam a atuação de outros indivíduos, utilizavam a questão de ser servidor público para facilitar a execução dos crimes", declarou.
Apesar dos indícios, não foram cumpridos mandados de prisão. "A investigação é muito robusta, mas o poder judiciário optou por não decretar prisões nesse primeiro momento. Então, nós realizamos essa fase ostensiva da operação", afirmou o delegado.
No entanto, duas pessoas foram presas em flagrante durante o cumprimento dos oito mandados de busca e apreensão: uma por porte ilegal de arma, ao ser flagrada com uma pistola ponto 40, e outra por estar com cigarros eletrônicos.
A investigação começou em 2020, mas o grupo já atuava cometendo crimes havia cerca de 5 anos, segundo o delegado.
"É uma organização criminosa atuante em vários tipos penais. Nós temos o envolvimento em homicídios, lavagem de capitais, organização criminosa, receptação, tráfico de drogas, roubos. Então, o cardápio em relação aos ilícitos penais é bastante vasto", disse.
O foco inicial da polícia era a lavagem de dinheiro. Foi assim que eles conseguiram identificar 23 alvos, sendo seis pessoas jurídicas e 17 físicas, e como funcionava a compra das drogas pela quadrilha.
"Seguindo esse caminho do dinheiro, verificamos que, com relação ao de drogas, ele era realizado através de uma das empresas, que foi alvo da operação, que enviava capitais para o estado de Roraima, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, justamente para a aquisição dessa droga", declarou o delegado.
Outra área de atuação do grupo criminoso era o golpe em seguradoras. Foram registrados 30 boletins de ocorrência relatando roubo de carros por parte dos 17 suspeitos de envolvimento.
"Existe um dos indivíduos com nove veículos roubados, onde o do histórico é o mesmo né? Dois indivíduos chegaram na moto e roubaram o veículo dessa pessoa. Então, fica claro que existe aqui um golpe na seguradora. Eles realmente recebiam esses valores da seguradora", detalhou Pereira.
"Queima" de arquivo
Os investigadores suspeitam, ainda, que os criminosos tenham cometido assassinatos, principalmente em Jaboatão dos Guararapes. "Há informações de que eles mesmo estavam se matando [...] com motivação a 'queima do arquivo'. Nós temos dois investigados que, simplesmente, desapareceram", disse o delegado.
Iinda de acordo com o g1PE, informações recebidas pelos policiais apontam que os "desaparecidos" teriam sido executados por integrantes do grupo criminoso. "É continuar a investigação, verificar os aparelhos eletrônicos, a documentação. Prosseguindo a investigação para ver se a gente consegue localizar esse pessoal e também chegar à conclusão desses homicídios", afirmou.
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