Corretor de imóveis, Regis Feitosa Mota, é portador de uma síndrome rara, Li-Fraumeni, que deixa o paciente mais suscetível ao aparecimento do câncer. O que ele não sabia era que em razão disso também perderia os três filhos para o câncer em um intervalo de apenas quatro anos. Segundo o G1, o paciente oncológico compartilha a sua rotina com diversos seguidores no Instagam.
"Foi uma coisa muito em cima uma da outra que não deu nem tempo para ter luto porque era terminando o tratamento de um filho e começando o do outro, e falecendo outro, e assim num período de quatro anos perdi os três filhos. É impossível administrar tanta dor, tanta sofrimento e ter luto ao mesmo tempo", disse Regis.
A síndrome é caracterizada por alterar o gene TP53, fazendo com que a produção da proteína responsável por impedir o crescimento de tumores seja insuficiente. É por isso que pacientes que têm essa condição hereditária rara estão tão vulneráveis a desenvolver diversos tipos de cânceres durante a vida. A probabilidade é de 90% de chances de os portadores terem o câncer até os 70 anos.
Já a probabilidade de repassar o gene deficiente para os filhos é de 50%. No caso da família de Regis, os três tiveram que conviver com a doença. Ainda conforme a publicação, o corretor de imóveis ressaltou que, apesar da gravidade, os filhos aceitavam a doença e seguiram suas vidas com "muita força".
Uma médica geneticista, Denise Carvalho, esclarece que já existem muitas pesquisas no sentido de solucionar o problema. Segundo ela, uma solução seria substituir o gene defeituoso.
"O tratamento é hoje comum para os cânceres manifestantes, mas o grande futuro está na terapia gênica que consiste em substituir o gene que está corrompido pelo gene normal. Isso seria a cura e já existem muitas pesquisas nesse sentido", explicou.
Beatriz, a filha caçula, faleceu em 2018, com 10 anos, com diagnóstico de leucemia linfoide aguda. Pedro, de 22 anos, teve cinco episódios de câncer e morreu em 2020 com um tumor no cérebro. A perda mais recente foi de Anna Carolina, de 25 anos. A filha médica descobriu um tumor no cérebro em 2021 e morreu em novembro deste ano.
É da memória dolorida da perda dos filhos que Régis consegue ter motivação para seguir o tratamento da quimioterapia todos os dias. Além disso, motivar os mais de 200 mil seguidores que tem nas redes sociais com mensagens sobre transformar a dor em amor.
"Esse tem sido o objetivo principal. Transformar vidas, impactar vidas. Se essa dor toda, todo esse sofrimento, essas perdas não podem ficar em vão. A meu ver, hoje elas têm uma missão maior que é impactar vidas", complementa.
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