O salário médio do trabalhador brasileiro registrou uma queda de 6,9% em 2022, acima do recuo médio de 3,19% registrado em 50 países no mesmo período, revela relatório da Oxfam.
Os dados foram divulgados por ocasião do Dia do Trabalhador, comemorado neste domingo (1º), de acordo com informações do portal G1.
"No Brasil, a recuperação do emprego tem se dado às custas, principalmente, de trabalho informal, mais precário, com menos acesso a direitos e renda média menor", avaliou o coordenador de justiça econômica da Oxfam Brasil, Jefferson Nascimento.
A Oxfam é uma organização independente sem fins lucrativos com atuação no Brasil desde 2014. Os números são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e agências governamentais de estatísticas e ajustados pela inflação, segundo informações da própria entidade.
Em 2021, o salário mensal médio no Brasil era de R$ 2.480,80, segundo o relatório, o que somava R$ 29.769 ao ano (12 pagamentos). Em 2022, o salário anual foi de R$ 30.483,90 – ou R$ 2.540,33 mensais. Os números indicam uma alta nominal de 2,4%. Mas a inflação média do período foi de cerca de 9%, segundo o índice usado pela Oxfam no estudo. Ou seja, na prática, o valor real do salário do brasileiro recuou.
De acordo com o documento, a queda do salário dos trabalhadores contrasta com a evolução dos dividendos de acionistas no Brasil, que receberam, no ano passado, cerca de 24% a mais do que em 2021.
"Enquanto os executivos de grandes empresas lucram com aumentos de seus salários e dividendos de ações, a grande parte da população, que é trabalhadora assalariada, tem seus salários reduzidos e mal conseguem acompanhar o custo de vida em seus países. Essa desigualdade é inaceitável e, infelizmente, nada surpreendente”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Em janeiro deste ano, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos (Suíça), a Oxfam recomendou o aumento da taxação dos super-ricos.
Segundo o estudo da organização, as mulheres de todo o mundo trabalham pelo menos 380 bilhões de horas a cada mês em atividades de cuidado não remuneradas.
"Trabalhadoras frequentemente têm que trabalhar menos tempo ou abandonar seus empregos devido a essas atividades de cuidado não remuneradas. Elas também enfrentam discriminação, assédio e salários menores do que os recebidos pelos homens", informou.
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