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terça-feira, 24 de junho de 2014

Após ser vaiado no Amapá, Sarney anuncia que vai abandonar a política

O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) não deverá se candidatar à reeleição em outubro. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo assessor dele no Amapá e confirmada ao GLOBO pelo presidente do PMDB no estado, o ex-senador Gilvam Borges.
Segundo Borges, a primeira pessoa a saber da desistência de Sarney — pela boca do próprio — foi a presidente Dilma Rousseff, com quem o ex-presidente viajou de Brasília para Macapá. Em seguida, Sarney teria comunicado aos partidos aliados.
— Houve um comunicado do próprio presidente Sarney hoje aos partidos aliados de que ele declinaria da candidatura ao Senado. Isso é fato. Mas estamos todos sob o impacto dessa decisão. Estamos órfãos. Esperamos que essa decisão não seja irreversível — disse Gilvam, informando que Sarney confirmou sua ida à convenção estadual de sexta-feira.
O anúncio oficial da assessoria foi feito depois que Sarney esteve com Dilma na entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida e foi vaiado. O Amapá é reduto eleitoral do ex-presidente.

Se confirmado que Sarney não concorrerá a nenhum cargo em outubro, ele encerrará em janeiro do ano que vem, aos 84 anos de idade, uma carreira política que começou em 1955, ao assumir seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados.
“Essa decisão já estava tomada. Comuniquei isso ao meu partido na semana passada. Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio familiar”, declarou Sarney na nota divulgada por seu assessor em Macapá.
O ex-presidente deve se pronunciar publicamente sobre o assunto na convenção do PMDB no Amapá, na sexta-feira. Segundo integrantes da cúpula do partido em Brasília, ele recebeu apelos da família para não concorrer e teria cedido à pressão. Mas a decisão oficial não havia chegado aos integrantes da cúpula da legenda até a noite de ontem.
O deputado e ex-ministro Gastão Vieira (PMDB-MA), próximo à família Sarney, disse que o ex-presidente já havia dito que não seria candidato:
— Há bastante tempo ele manifestou a intenção de não ser candidato em função da sua idade e da doença de Dona Marly, que tem exigido um pouco de atenção, e também por pressão dos filhos.
‘PARA MIM, PARTICULARMENTE, ESTÁ NA HORA’, DIZ ROSEANA
Sarney teria comunicado a decisão há quatro dias aos aliados no Amapá. Segundo a deputada estadual Marília Góes (PDT-AP) — mulher do ex-governador e candidato de Sarney ao governo, Waldez Góes (PDT) —, a definição de nomes para ocupar sua vaga na disputa já foi até iniciada.
— Ele comunicou ao meu marido que não será candidato. Isso ocorreu há quatro dias. É uma decisão pessoal, de ordem familiar — disse a deputada ao GLOBO, por telefone.
Segundo integrantes do PMDB, os filhos do ex-presidente — a governadora Roseana Sarney e o deputado Zequinha Sarney (PV-MA) — alertaram o pai sobre seus crescentes problemas de saúde e o desgaste que enfrentaria em mais uma campanha. Sarney teria cedido a esses apelos.
Em entrevistado ao jornal “O Estado de São Paulo”, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, disse:
— Para ele é muito bom, acho importante essa decisão. Cada vez que ele vai para lá (Amapá) é uma dificuldade. Para mim, particularmente, está na hora. (O Globo)

Blog: O Povo com a Notícia