A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (05), a Operação Sem
Limites, 57ª fase da Lava Jato. A nova etapa investiga negócios da área de
trading da Petrobras. Um total de 190 policiais cumprem, nos Estados do Paraná
e do Rio de Janeiro, 37 ordens judiciais (mandados de busca e apreensão, prisão
preventiva e intimações para tomada de depoimentos).
Foram expedidas ainda ordens de sequestros de imóveis, a
indisponibilidades de contas bancárias de investigados e bloqueio de valores
até o limite dos prejuízos identificados até o momento.
Esquema: Nesta fase,
a Lava Jato identificou um esquema "estruturado e atuante" na área de
trading da Petrobras, setor onde são realizados os negócios de compra e venda
de petróleo e derivados para ou da estatal por empresas estrangeiras.
Os
investigadores apontam indícios de irregularidades na realização de negócios de
locação de tanques de armazenagem da ou para a Petrobras pelas mesmas empresas
investigadas.
Segundo a
PF, todas as operações ocorriam de forma a viabilizar o pagamento de vantagens
indevidas a executivos e ganhos acima dos praticados no mercado para estas
empresas.
A
investigação da Polícia Federal indicou a prática de crimes em duas modalidades
de negócios da Petrobras que possuíam características semelhantes: os esquemas
de corrupção na área de trading (compra e venda) de petróleo e derivados e os
esquemas de corrupção na área de afretamento de navios.
"A
partir de um esforço investigativo foi possível identificar a existência de
criminoso esquema operante até meados de 2014, não sendo possível descartar a
continuidade do esquema até os dias atuais, na área de trading da Petrobras com
diversas ramificações internacionais (o que reforça a necessidade das medidas
judiciais deferidas)", informou a PF em nota.
As operações
de trading (compra e venda) de óleos combustíveis e derivados pela Petrobras
eram de responsabilidade da Diretoria de Abastecimento, especificamente pela
Gerência Executiva de Marketing e Comercialização.
Tais
operações não necessitavam de prévia autorização da diretoria, circunstância
que facilitava sobremaneira a pulverização dos esquemas ilícitos nas mãos de
diversos funcionários de menor escalação vinculados à Diretoria de Abastecimentos
e que exerciam suas funções tanto no Brasil quanto nos escritórios da estatal
no exterior.
"Estas
mesmas operações movimentam intensamente imensas quantias de recursos em
decorrência de transações spot diárias e também de contrato de longo prazo,
circunstâncias que propiciam, com variações ínfimas nas operações, recursos
vultosos de propina ao final de um determinado espaço temporal. As operações
eram feitas predominantemente junto a empresas estrangeiras", relata a PF.
"A
própria Petrobras, inclusive, mantém escritórios e funcionários no exterior
para atuação na área de trading, circunstância que facilita, por parte dos
agentes públicos e privados envolvidos, o recebimento e divisão de propinas em
contas no exterior. A área sofre forte ingerência política decorrente de
processos de indicação e manutenção de funcionários nos cargos."
Corrupção,
organização criminosa, crimes financeiros e lavagem de dinheiro
A
investigação recebeu o nome de "Sem Limites" em referência à
transnacionalidade dos crimes praticados (que ocorrem em diversos locais no
País e no exterior), à ausência de limites legais para as operações comerciais
realizadas e a busca desenfreada e permanente por ganhos de todos os
envolvidos, resultado sempre na depredação do patrimônio público.
A
deflagração da operação tem por objetivo "fazer cessar a atividade
delitiva, aprofundar o rastreamento dos recursos de origem criminosa (propina)
e a conclusão da investigação policial em todas as suas circunstâncias".
Os
investigados responderão pela prática, dentre outros, dos crimes de corrupção,
organização criminosa, crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. Os presos
serão levados para a Superintendência da Polícia Federal onde permanecerão à
disposição do Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba. (Via: Estadão)
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