O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) protocolou suas alegações finais na ação que julga Sarí Corte Real na 1ª Vara dos Crimes Contra Criança e Adolescente da Capital.
Sarí foi acusada pelo Ministério Público de abandono de
incapaz quando, em 2 de junho de 2020, deixou o menino Miguel, de 5 anos,
sozinho no elevador do prédio de luxo, na área central do Recife.
Na manifestação, o Ministério Público pede a condenação pelo
crime de abandono de incapaz, qualificado pelo resultado morte. O promotor de
justiça Humberto Graça entendeu ainda que existem circunstâncias agravantes,
pelo fato de o crime ter sido cometido em momento de calamidade pública. No dia
da morte da criança, a creche que Miguel frequentava estava fechada em razão da
pandemia de Covid-19 e a mãe, Mirtes Renata, precisou levar o filho até a casa
de Sarí, onde trabalhava como empregada doméstica. Sarí pode pegar até 12 anos
de prisão, se for condenada.
“Apenas pelas idades, dela e da criança, já seria natural
esperar um comportamento diferente da acusada, pois naquele momento, não apenas
convencer e demover a criança de seu intento seria o esperado, mas sim remover
a criança do elevador e conduzi-la em segurança de volta ao interior do
apartamento ou seguir com ela no elevador ao encontro da mãe. O que não poderia
ter acontecido era o abandono da criança no interior de um elevador”, afirma o
promotor de justiça.
O Ministério Público também não considerou aceitável que um
adulto se sujeite às vontades de uma criança que não tinha condições de seguir
no elevador desacompanhado, deixando-o conduzir a situação.
“Tratar, naquele momento, uma criança de apenas 5 anos, como
uma pessoa maior, capaz, inclusive de entender os perigos a que estava sujeita,
foi, no mínimo, imprudente e negligente da parte da acusada”, diz a
manifestação.
Mirtes Renata Souza diz que a manifestação do Ministério
Público chega com a sensação de alívio e felicidade. “Eu tenho muita esperança
no coração e fé em Deus que vamos conseguir justiça, pois está explícito o
crime que ela cometeu tanto nos autos, nos depoimentos das testemunhas, nas
imagens e nos pareceres jurídicos apresentados. Agora está nas mãos do juiz e
esperamos a finalização do processo com justiça”, desabafa.
O processo seguiu para os assistentes de acusação, advogados
de Mirtes, que entregaram as alegações finais na sexta-feira (3). No documento,
os advogados afirmam ainda que a motivação do crime se deu por motivo fútil,
“diante da impaciência para terminar os serviços das unhas, o que agrava a pena
do crime”.
Miguel subiu até o nono andar e, ao sair do elevador para a
parte externa do prédio, caiu de uma altura de aproximadamente 35 metros. No
momento da queda, Mirtes estava passeando com o animal da família durante
alguns minutos. Agora, o processo seguirá para a manifestação da defesa
de Sarí Corte Real e, em seguida, para a decisão do juiz.
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