O delegado Jorge Ferreira, do
Departamento de Polícia da Mulher de Pernambuco, que teria usado uma rede
social, nesse sábado (17), para fazer comentários sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco
(PSOL), no Rio de Janeiro, foi afastado das funções pelo
Governo de Pernambuco. Na postagem, o delegado teria afirmado que ela era
“mulher de bandido” e envolvida com o narcotráfico. A mensagem causou
indignação e críticas ao delegado.
Em um vídeo publicado na rede social, na tarde deste domingo (18), Jorge
Ferreira afirmou que a mensagem não foi escrita por ele. “Nunca falaria uma
coisa dessa natureza. Até porque eu trabalho em uma delegacia especializada em
crimes contra a mulher e fui escolhido pelo meu caráter.” Ele diz acreditar que
pode ter sido vítima de montagem. “Estou aberto a todas as conversas e vou
exigir investigação e que o Facebook me explique como isso é possível.”
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Estado também abriu
sindicância para apurar a conduta do profissional.
“Se envolve com narcotráfico, vira mulher de bandido, troca de facção
criminosa, é assassinada pelos ‘mano’, aí vêm a esquerda patética por a culpa
nas instituições policiais. Vá se fu, Marielle. Já foi tarde. Detesto bandido e
quem os defende odeio mais ainda. (sic)”, diz a postagem atribuída a Jorge
Ferreira.
Um print da postagem está sendo
compartilhado desde as últimas horas do sábado e é alvo de críticas ao
delegado.
Em nota oficial, o Governo de Pernambuco e a SDS afirmam que o
delegado foi afastado do plantão da Delegacia da Mulher, “em decorrência
de declarações publicadas a respeito do bárbaro assassinato da vereadora
Marielle Franco, em uma rede social. O conteúdo da postagem foi encaminhado à
Corregedoria Geral da SDS, que iniciou uma investigação, na qual o servidor
terá direito à ampla defesa e ao contraditório”. Até a conclusão do
procedimento administrativo, o servidor ficará à disposição do setor de
recursos humanos da Polícia Civil.
A nota diz ainda que o “teor das afirmações é incompatível com o
posicionamento do Governo, da Secretaria de Defesa Social e da Polícia Civil,
que prezam e focam todos os seus esforços na preservação da vida, proteção dos
cidadãos, tolerância e paz social”.
Em vídeo postado no Facebook, neste domingo, o delegado Jorge Ferreira
ainda comentou o Caso Marielle: “Eu tenho posturas políticas muito claras, todo
mundo sabe. Eu sou a favor da lei, da ordem, do trabalho bem executado. O que
eu venho postando e replicado é para fomentar a discussão porque defendo a
ideia de que antes de se acusar se apure. Mal se aconteceu o homicídio e já se
começou a acusar a Policia Militar. Eu defendo que não, que seria interessante
antes ver todas as possibilidades”.
INVESTIGAÇÃO: Mensagens como a citada acima estão sendo rastreadas por um grupo de
advogadas, com o objetivo de identificar os autores e solicitar investigação da
Delegacia de Repressão a Crimes de Informática do Rio de Janeiro e também
acionar a Justiça com pedido de retratação pública.
Mais de 2 mil denúncias com discursos de ódio ou informações falsas sobre
Marielle já foram enviadas para o e-mail contato@ejsadvogadas.com.br. (Via: Ronda Jc)
Blog: O Povo com a Notícia