Tradicionalmente como acontece todos os anos, desde
1971, a Missa do Vaqueiro será realizada neste domingo no município de Serrita,
no Sertão pernambucano. São 49 anos de história, reunindo em romaria vaqueiros
de toda região do Nordeste.
Idealizada para homenagear o vaqueiro Raimundo
Jacó, primo do cantor Luiz Gonzaga, assassinado em 1954, o evento começou nessa
quinta no Povoado de Ipueira. Além da missa, a festa conta com programação de
shows, apresentações culturais, vaquejada e pega de boi. A celebração religiosa
tem início a partir das 10h do domingo, no Parque Estadual João Câncio, no
Sítio Lages, zona rural de Serrita. A missa já faz parte do calendário de
grandes eventos do estado.
Este ano, os organizadores estimam que mais de 60
mil pessoas frequentem o evento nos quatro dias. Já durante a missa são
esperados uma média de 800 a mil vaqueiros, que seguem em romarias. "São
comitivas que vêm de várias cidades da região e também de outros estados como a
Bahia e do Ceará", comentou o secretário de Turismo de Serrita, Tiago
Câncio. A celebração é semelhante aos rituais da Igreja Católica, mas com toque
diferenciado que transforma a missa em um espetáculo.
A missa é idealizada pela Paróquia Nossa Senhora da
Conceição da diocese de Salgueiro. A festa tem início com uma procissão de mil
vaqueiros a cavalo, que levam oferendas como chapéu de couro, chicotes e
berrantes à Raimundo Jacó. Durante a comunhão, vaqueiros fazem fila montados em
seus cavalos e recebem uma mistura de farinha de mandioca, rapadura e queijo ao
invés da hóstia. Os trabalhadores da Caatinga também agradecem pelas graças
alcançadas, pedem proteção e levam objetos do cotidiano para serem abençoados.
A missa é toda acompanhada por músicas entre elas a Morte do Vaqueiro,
composição criada por Luiz Gonzaga em 1963 como forma de protesto pela morte do
primo, crime que até então não solucionado.
HISTÓRIA - Realizada sempre no quarto domingo do
mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história consagrada
na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de
aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas também a inveja de seus
colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel
companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e
noite, até morrer de fome e sede.
A história de coragem se transformou num mito do
Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de
Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou "A Morte
do Vaqueiro" numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras.
Depois, se juntou a João Câncio dos Santos, padre que ao ver as injustiças
cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de
gibão, para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e para a
celebração da coragem.
MISSA DO VAQUEIRO
PROGRAMAÇÃO
25 de julho, quinta-feira / Ipueira
Grupo Bond do Nordeste
Poetas Gonzaga Neto e Zé Francisco
26 de julho, sexta-feira / Parque Estadual
João Câncio
Banda Cheiro no Cangote
Henrique Brandão
Joquinha Gonzaga
Flávio Leandro (Participação especial de Daniel
Gonzaga)
Vítor Fernandes
Paixão de Vaqueiro
27 de julho, sábado / Parque Estadual João
Câncio
Paulo Sampaio
Donizete
Adriano Estigado
Kinho Callou
Nanara Bello
Chambinho do Acordeon
Petrúcio Amorim
28 de julho, domingo / Parque Estadual João
Câncio
Realização da Missa.
Participação: Josildo Sá, Flávio Leandro, Sarah
Lopes, Pedro Bandeira
Chico Justino e Cícero Mendes, Ronaldo Aboiador,
Fernando Aboiador, Daniel Gonzaga
Blog: O Povo com a Notícia