Integrantes da equipe econômica respiraram
aliviados com a melhora do humor no mercado financeiro nesta terça-feira (10),
mas a crise que devastou o mundo no dia anterior está longe de ser comemorada.
A Bolsa de Valores, depois de um tombo de 12%, subiu 7,12%, para os 92.214
pontos, e o dólar caiu 1,69%, para R$ 4,646.
Foi
muito mais um processo de arrumação da casa, depois de um terremoto que
destruiu mais de US$ 1 trilhão em riquezas globais, do que uma recuperação
consistente do mercado. Pelo contrário, todas as incertezas que arrasaram a
economia no início da semana continuam latentes. O novo coronavírus está
fazendo estragos em vários países e a epidemia só está no começo. A guerra
pelos preços do petróleo está longe fim, mesmo com a alta de 8,32% na cotação
do barril.
Como
disse um analista com presença destacada nos Estados Unidos, o novo coronavírus
terá efeitos devastadores. Assim como parou boa parte da China e obrigou o
governo italiano a fechar o país, a situação nos EUA vai se complicar muito.
Não por acaso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acordou e já
prometeu incentivos para evitar a quebradeira de empresas e o aumento do
desemprego. Há ainda a expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o Banco
Central norte-americano, zere a taxa básica de juros na próxima semana.
No mundo da lua
Além
de todos os problemas no mercado internacional, com risco de recessão global,
no Brasil, há outro agravante: o governo está completamente perdido. O ministro
da Economia, Paulo Guedes, parece viver no mundo da lua. O discurso de que a
aprovação de reformas será a solução para todos os males já não cola mais. Ele
sequer enviou para o Congresso os projetos que vêm sendo cobrado por
empresários e investidores.
O
presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, quando se vê diante de crises, como a
atual, prefere jogar para a plateia, movimentar a claque virtual. Ante todo o
caos no mercado financeiro — somente a Petrobras perdeu mais de R$ 90 bilhões
em valor de mercado na segunda-feira (09) —, ele tratou de levantar suspeitas
de que a eleição que venceu em 2018 foi fraudada. Pelo cargo que ocupa,
Bolsonaro deveria se dar ao respeito mais do que qualquer outro cidadão. A
economia derretendo, e ele pondo em dúvida o processo eleitoral.
Está
completamente certo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao afirmar que o
governo está destruindo parte relevante do PIB. Fazendo tanta bobagem e
deixando de se concentrar no que realmente é importante, Bolsonaro empurra uma
pesada conta para os mais pobres, que anseiam por mais emprego e renda melhor.
Para Bolsonaro, que já tem aposentadoria e muitas mordomias garantidas
depois de deixar a Presidência, realmente não há porque se preocupar com a
ralé. Assim, vai continuar brincando de presidente da República.
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