O presidenciável Sergio Moro (Podemos) disse nesta quinta-feira (2), em entrevista à Jovem Pan Paraná, que o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) comemorou quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi solto da prisão em 2019 após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que pôs fim à prisão de condenados em segunda instância.
Em novembro de 2019, por 6 votos a 5, o STF mudou de entendimento e vetou
a prisão de condenados em segunda instância. Um dia depois, beneficiado pela
decisão da Corte, o ex-presidente petista foi solto na Superintendência da PF
(Polícia Federal) em Curitiba, após determinação da Justiça
Federal.
"O presidente não fez nada [para reverter a decisão do STF que
determinou o fim de prisão em segunda instância]. E, na verdade, o que a gente
sabia é que o Planalto, o presidente comemorou quando o Lula foi solto em 2019
porque ele entendia que aquilo beneficiava ele literalmente. Então, ele não
trabalhou para manter a execução em segunda instância", disparou o ex-juiz
da Operação Lava Jato.
Moro deixou o cargo de ministro da Justiça em abril de 2020 após o
presidente decidir exonerar o então diretor-geral da PF (Polícia Federal)
Maurício Valeixo, profissional de confiança do ex-juiz.
À época, Moro disse que Bolsonaro queria
interferir na Polícia Federal. Segundo a colunista do UOL Carla Araújo,
Bolsonaro prestou depoimento no início de novembro e negou interferência no
órgão.
Na entrevista, Moro disse que Bolsonaro começou a sabotar todas as suas ações
no Ministério e não cumpriu com a sua palavra de que ninguém, mesmo membros do
governo, seriam poupados de quaisquer investigações e de fortalecer o combate à
corrupção."Ele não fez nada disso. Ao contrário, começou a sabotar o que
eu fazia. Até que chegou em um momento que eu simplesmente saio [da pasta]."
Moro ainda acusou que o presidente teria mandado apagar um tuíte sobre a
segunda instância feito na conta oficial dele por um dos seus
filhos."Inclusive, na época, o filho dele fez lá no Twitter dele falando
da execução em segunda instância e o presidente mandou apagar. Foi um episódio
meio constrangedor", disse Moro.
O ex-juiz não citou qual filho do presidente estava se referindo, no
entanto, à época, em outubro de 2019, o vereador Carlos
Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez um tuíte se desculpando por
uma postagem sobre segunda instância e declarou que a fez sem autorização do
pai.Na ocasião, a conta oficial de Jair Bolsonaro publicou o seguinte tuíte:
"Aos que questionam, sempre deixamos clara nossa posição favorável em
relação à prisão em segunda instância. Proposta de Emenda à Constituição que
encontra-se no Congresso Nacional sob a relatoria da Deputada Federal Caroline
De Toni".
Horas depois da publicação na conta do presidente, Carlos Bolsonaro fez um
tuíte se desculpando pela postagem e declarou que a fez sem autorização do
pai.O vereador publicou: "Eu escrevi o tweet sobre segunda instância sem
autorização do Presidente. Me desculpem a todos! A intenção jamais foi atacar
ninguém! Apenas expor o que acontece na Casa Legislativa!"
Ainda, em resposta a um internauta, Carlos afirmou que estava "assumindo a culpa" pela postagem na rede do pai. "É verdade! Estou assumindo a culpa! Mas creio que os pontos positivos superam qualquer crítica de quem é mal-intencionado!" (Via: Folhapress)
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