O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou, nesta sexta-feira (27), a criticar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Em sua live semanal, o principal alvo da vez foi o ministro Edson Fachin, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo Bolsonaro, Fachin agiu movido por interesses políticos ao anular no ano passado condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o principal adversário do mandatário na corrida eleitoral.
As declarações de Bolsonaro ocorrem no dia seguinte à divulgação de pesquisa Datafolha que mostrou uma vantagem de 21 pontos percentuais do petista sobre Bolsonaro. "Qual o interesse do Fachin em dizer que o CEP [Código de Endereçamento Postal] da ação na Lava Jato contra o Lula em Curitiba tinha que ser em São Paulo ou no Distrito Federal? O problema foi esse, em cima disso o sr. Fachin foi o relator de uma proposta. Ele deu o sinal verde e a turma dele no Supremo, por 3 a 2, aprovou a 'descondenação' do Lula", afirmou o presidente.
"A gente sabe a vida pregressa dele [Fachin]. Foi militante de esquerda, advogado do MST", disse Bolsonaro. "Ele [Fachin] botou o Lula para fora. Agora, botou para fora só para vê-lo livre? Ele [Lula], segundo o Supremo, é elegível, disputa as eleições. A gente entende do lado de cá que ninguém vai botar o cara para fora com condenações grandes em três instâncias simplesmente para ficar passeando por aí. Colocou para fora, no meu modesto entendimento, para ser presidente da República", completou.
Divulgada nesta quinta-feira (26), o Datafolha mostra que Lula lidera a disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% de Bolsonaro. cenário de polarização entre os dois antagonistas caminha para a cristalização, com o terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), aparecendo bem atrás, com 7%. Outros postulantes atingiram no máximo 2%. Votos brancos ou nulos somaram 7%, e 4% dos eleitores responderam não saber em quem votar.
A pesquisa mais recente foi feita com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, nesta quarta (25) e quinta-feira (26). Ela foi contratada pela Folha e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022.
A radicalização do discurso foi apontada por aliados como uma das razões para a piora nos números de Bolsonaro na pesquisa eleitoral. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta sexta (27) que o desempenho de Bolsonaro pode ter sido reflexo de acenos à base mais radical da direita.
O atual presidente da República também aproveitou para criticar o projeto de lei das Fake News, chamado por ele de uma "prisão" e uma afronta a liberdade individual. Também voltou a defender o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF por ataques feitos contra integrantes do tribunal. Silveira recebeu um indulto de Bolsonaro.
Ainda criticou Fachin no âmbito do julgamento da fixação de um marco temporal para demarcação das terras indígenas, matéria relatada pelo ministro. A pesquisa do Datafolha desta quinta também mostrou que a diferença entre Lula e Bolsonaro cresceu em um possível segundo turno, e foi a 25 pontos percentuais (58% a 33%).
O ex-presidente tem melhor desempenho entre os que ganham até dois salários mínimos (66% desse grupo votaria nele), enquanto o atual ocupante do posto angaria mais eleitores nos grupos mais ricos (50% desse grupo votaria nele).
Enquanto Lula tem melhor desempenho no Nordeste (71% ali o escolheriam), Bolsonaro angaria mais votos no Centro-Oeste/Norte (46% ali o escolheriam) -essas duas regiões normalmente são somadas no levantamento, para evitar uma margem de erro muito grande. Considerando as religiões, o petista tem vantagem dentre os católicos (65% deles o preferem), enquanto Bolsonaro sai na frente com os evangélicos (47% deles o escolheriam).
A pesquisa mostrou também que a reprovação com o atual governo é de 48%, oscilando dentro da margem de erro na comparação com a anterior, de março, quando o índice dos que consideram a gestão ruim ou péssima foi de 46%. Também se mantiveram estáveis as taxas dos que consideram o governo regular (27%, ante 28% em março) e dos que o avaliam como ótimo ou bom (25% em ambos os levantamentos). (Via: Folhapress)
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