Funcionárias da Caixa Econômica Federal falaram sobre o assédio cometido pelo presidente, Pedro Guimarães, e contaram detalhes sobre o modo como eram abordadas.
Guimarães é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), com base em denúncias feitas por funcionárias do banco. As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o ele e funcionárias sob seu comando. Os testemunhos estão relacionados a viagens realizadas por Pedro Guimarães como parte do programa Caixa Mais Brasil. Entre os relatos há pedidos de abraços em contextos constrangedores e mãos em partes íntimas.
Sem relevar as identidades, as mulheres concederam entrevista à TV Globo e relembraram episódios de abusos sexuais cometidos pelo presidente da Caixa. "Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada", disse.
Outra funcionária afirmou que, às vezes, o constrangimento era feito na frente de outros colegas. "Por exemplo, pedir para abraçar, pegar no pescoço, pegar na cintura, no quadril. Isso acontecia na frente de outras pessoas. E, às vezes, essas promessas eram no pé de ouvido e na frente de outras pessoas. mas de forma com que outras pessoas não ouvissem.
Segundo ela, o assédio também ocorria nas viagens que o presidente da Caixa faz pelo país. "Comigo foi em viagem, nessas abordagens que ele faz pedindo, perguntando se confia, se é legal. Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma".
Outra funcionária afirma que o presidente da Caixa era insistente. "Eu só fingi que estava bebendo o vinho e tudo e aí ele começou a fazer umas brincadeiras. Aí na hora de pagar a conta pediu um abraço. Aí falou: 'Ah'. Eu tentei manter a distância. 'Ah, um abraço maior'. Eu fiquei muito sem graça, que eu já vi que ele já, né? A gente já sabe da fama. Eu sabia da fama dele já, então eu me reservei o máximo possível. E aí ele: 'não, mas abraça direito. Abraça direito, porque é... você não gosta de mim'. Aí na hora que ele, na terceira vez que ele fez eu abraçar ele, ele passou a mão na minha bunda".
"E aí. Fora assim, várias fotos. Ele, toda vez que vai tirar foto pega na cintura da gente com uma intimidade que não existe e isso deixa a gente muito constrangida. É muito sem graça assim. Eu me sinto meio violentada mesmo, quando ele tem esse tipo de atitudes, sabe?"
Este é o primeiro caso público do tipo envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro (PL). Os casos, que estão sob sigilo, são investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo menos desde o ano passado, quando um grupo de funcionárias decidiu denunciar os abusos.
Presidente da Caixa desde o primeiro dia do governo, Pedro Guimarães deve deixar o banco nesta quarta-feira (29), de acordo com assessores de Jair Bolsonaro. (Via: Agência Brasil)
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