Ao comentar pressões de líderes
europeus e do Papa Francisco contra o desmatamento em alta no país e a favor da
preservação da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro comparou neste sábado (6)
o Brasil a “uma virgem que todo tarado de fora quer”.
O presidente falou a respeito ao deixar o Palácio da Alvorada na noite
deste sábado (6), rumo a uma festa junina no Clube da Marinha, em Brasília.
Questionado sobre declaração do Papa Francisco horas antes, que alertou
para uma situação “séria e insustentável” na floresta, ele fez explanação de
alguns minutos, em tom irritado, sobre suas teses relativas ao meio
ambiente. Afirmou que os países estrangeiros querem que o Brasil preserve
sua biodiversidade para que eles próprios, no futuro, a explorem.
Francisco disse que “a situação da Amazônia é um triste paradigma do que
está acontecendo em muitas partes do planeta: uma mentalidade cega e
destruidora que favorece o lucro à justiça".
Na semana passada, antes de participar do G-20, no Japão, o presidente foi
advertido pelos principais líderes europeus sobre a questão do
desmatamento.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ver com "preocupação” as
ações do Brasil contra a devastação e pediu uma conversa clara a respeito. O
presidente francês, Emmanuel Macron, cogitou o fim de acordos comerciais com o
Brasil, caso o país saia do acordo climático de Paris.
“Vim aqui para mudar. Não estou preocupado com nada, a não ser fazer com
que o meu país seja respeitado lá fora e dei a devida resposta para o Macron e
para a Angela Merkel. Muito educada”, relatou.
Bolsonaro disse que os convidou a voar de Boa Vista a Manaus,
desafiando-os a achar destruição pelo caminho. “Se encontrarem um hectare de
devastação de terra, eles têm razão”, afirmou. Prosseguiu dizendo que pediu
também para sobrevoar a Europa. “Se tiver um hectare de floresta, vocês [Macron
e Merkel] têm razão.”
Na sequência, Bolsonaro resumiu: “O Brasil é uma virgem que todo tarado de
fora quer. Desculpe aqui as mulheres”.
Bolsonaro sustentou que, na cabeça dos europeus, a Amazônia não é do Brasil.
“Você sabe o que é Triplo A? Andes, Amazônia, Atlântico. São 136 milhões de
hectares. O primeiro mundo quer para ele a administração dessa área. Você quer
perder a Amazônia?”
O presidente chamou seus antecessores de vendilhões por fazer acordos com
países como Bolívia e Venezuela. Disse que, quando viajavam ao exterior para
eventos como o do G-20, os ex-presidentes voltavam e demarcavam “dezenas de
áreas indígenas”. E argumentou que ONGs internacionais estão por trás desse processo.
“Uma área maior do que isso [o Sudeste] está reservada para índio. O índio
não tem poder de lobby. Quem é que faz a demarcação, se não tem poder de lobby?
ONGs, grana de fora do Brasil. Áreas riquíssimas. O que o outro mundo quer é
preservar essa área para ele explorar isso um dia”, comentou.
O presidente afirmou ainda, sem dar detalhes a respeito, que há uma
tentativa de se criar áreas independentes do Brasil no atual território.
“Na ONU se discute há muito tempo a autodeterminação dos povos indígenas:
novos países dentro do Brasil. A área dos ianomâmis é duas vezes o tamanho do
Rio de Janeiro. Você acha que um presidente da República qualquer tem de ir
para fora se submeter aos caprichos dessas pessoas que querem criar novos
países dentro do Brasil?”, questionou. (Via: Folhapress)
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