A CNN Brasil teve acesso a três áudios, que estão em posse da Polícia Federal (PF), em que Ailton Barros, ex-major do Exército e advogado, aliado de Mauro Cid – preso preventivamente na última quarta-feira (3) –, discute, em dezembro de 2022, um golpe de Estado com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a reportagem, nos arquivos, Ailton descreve o “conceito da operação”. No dia 15 de dezembro, ele diz:
É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”. Freire Gomes assumiu o comando do Exército em março de 2022, ficando no posto até dezembro do mesmo ano.
Ele complementa: “Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”.
Ainda nos áudios que a CNN Brasil teve acesso, Ailton ressalta a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado no áudio, destacando “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”. Além disso, o ex-major ressalta que, até o dia seguinte, 16 de dezembro, pela tarde, seria necessário ter “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos.
Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, questiona.
Em seguida, o ex-militar continua descrevendo o plano. Conforme ele, “se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. “Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, pontua.
Até o momento, não se sabe o que Mauro Cid respondeu ao ex-militar.
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