Os parlamentares pernambucanos se movimentam para mudar a rota do Governo Federal de excluir, por agora, Suape da Ferrovia Transnordestina. Em reunião, senadores e deputados federais do estado se articularam com o governador Paulo Câmara (PSB), e decidiram entregar ao presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido) um documento expondo as vantagens econômicas e técnicas do ramal de Suape na Ferrovia.
A movimentação foi feita após o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, declarar que, por enquanto, construiria apenas a ligação com o Porto de Pecém, no Ceará. “O que não pode é Suape ficar de fora, considerando tudo o que representa no contexto da Transnordestina. É muito mais viável economicamente, e é fundamental para o desenvolvimento da região Nordeste”, declarou Paulo Câmara após a reunião. O governador marcou uma agenda com o Ministro Tarcísio e convidou a bancada pernambucana, o encontro será no dia 16 de agosto. Após a reunião desta terça, outras lideranças políticas também se manifestaram, afirmando que Suape era a escolha mais prática dos dois Portos.
“Não resta dúvidas, Pernambuco é muito mais qualificado do que o Porto de
Pecém. A decisão não foi técnica”, disparou o deputado federal Augusto Coutinho
(Solidariedade). Para o parlamentar, a escolha não faz sentido, visto que seria
mais barato construir o caminho para Suape. “O ramal de Suape é R$ 1,5 bilhão
mais barato do que o de Pecém, são 92km a menos para construir”, afirmou
Augusto. O parlamentar chamou atenção para a construtora Marquise
Infraestrutura, que opera a ampliação do Porto de Pecém e a construção da
Transnordestina, alegando que o interesse privado da organização pode ter
pesado na decisão do ministro. “Vão fazer o Ramal que, por coincidência, é
operado pela mesma construtora. Qualquer leigo consegue ver que isso é um
interesse privado em detrimento do que foi resolvido. Não vamos aceitar isso
pacificamente”, assinalou Augusto Coutinho.
As motivações da decisão do governo começaram a ser questionadas, visto que a
obra para Suape seria mais barata ao governo, por ser cerca de 100km a menos de
ferrovia para construir, além do Porto contar com mais conexões do que o do
Ceará. “O Porto de Suape, tecnicamente, ficaria à frente com os argumentos
técnicos”, ponderou o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE). O deputado
questionou se a decisão do governo era meramente técnica ou haveria um jogo
político por trás da escolha. “Foi uma decisão infeliz, que sem o respaldo
técnico soa como movimento político”, cravou o parlamentar, cuja opinião é
compartilhada por outros colegas pernambucanos.
De acordo com o deputado federal Wolney Queiroz (PDT), esse tópico representará
uma luta a ser travada. “Esse é um assunto muito caro para Pernambuco, por isso
foi feita essa mobilização pelo governador e pela bancada em peso. Tudo que a
gente puder fazer sobre o assunto, vamos fazer”, comentou. O deputado afirmou
que a bancada sentiu que a pretensão do ministro foi “tendenciosa”, por isso
irão usar “força política em conjunto e individualmente” para evitar o prejuízo
de Pernambuco nesta história. “Nós vamos reabrir essa discussão, vamos atrás
dos nossos vizinhos, Alagoas e Paraíba, que são diretamente beneficiados por
Suape”, comentou. Para o parlamentar, uma das estratégias a ser usada é educar a
população sobre o tema para contar com apoio em peso nas redes sociais. “Eu
creio que o governo do estado deve mobilizar uma campanha que explique a
situação para a população, precisamos engajar o povo pernambucano nesta luta”,
explicou.
Além do documento que será entregue nas mãos de Bolsonaro, a bancada
pernambucana também marcará audiências com o Tribunal de Contas da União (TCU).
Na ocasião, será requerido que o Tribunal se manifeste sobre a decisão com o
presidente da Câmara, Arthur Lira e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O projeto da Ferrovia iniciou suas obras em 2006, com orçamento de R,5 bilhões
e expectativa de entrega em 2014, posteriormente em 2016. As obras foram
paralisadas em diversas ocasiões por entraves financeiros, tendo o seu teto
subindo até R$ 12,6 bilhões no final de 2019. O objetivo da Ferrovia
Transnordestina é ligar a cidade de Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de
Pecém, no Ceará e Suape, em Pernambuco.
Declaração do ministro: Em live com o Jornal Valor, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de
Freitas, afirmou que o governo deverá optar por construir, por enquanto,
somente o trecho da ferrovia Transnordestina até o Porto de Pecém, no Ceará,
excluindo o Porto de Suape. As declarações balançaram os políticos pernambucanos,
que se reuniram para descobrir como mudar a decisão do governo federal. Segundo
o ministro, ainda não há viabilidade para fazer a conexão da ferrovia até Porto
de Suape, em Pernambuco. “Entendo que as duas ‘pernas’ não coexistem. Estou
deixando claro para todo mundo que não tem demanda para o ramal de Pernambuco e
para o ramal do Ceará”, assinalou durante a live. (Via: Diário de PE)
Blog: O Povo com a Notícia