O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira (1º) a determinação da Justiça para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) explique, em até 48 horas, a ausência do número 24 nas camisas usadas pelos jogadores da seleção brasileira nos jogos da Copa América.
“Olha, eu não uso número 13. Estou aguardando ação da justiça. Tudo o
que eu posso interferir na minha casa, no serviço não tem número 13. Vão querer
me investigar?”, disse o presidente em live semanal, transmitida em suas
páginas oficiais nas redes sociais.
A decisão à qual se refere Bolsonaro foi do juiz Ricardo Cyfer, da 10ª
Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Impõe multa diária de R$
800 em caso de descumprimento.
Eis a íntegra da
decisão.
No Brasil, o número 24 é usado como ofensa a homossexuais por ser o
número referente ao veado no jogo do bicho. O animal é associado pejorativamente
a homens gays. Reportagem do UOL mostrou
que a seleção brasileira é a única equipe da Copa América que não tem nenhum
jogador inscrito com o número 24.
A ação foi movida pelo Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT. Além da
questão envolvendo a camisa 24, a CBF terá que responder:
se a não inclusão do número 24 nos uniformes é uma política deliberada;
qual departamento da instituição é responsável pela deliberação dos
números;
quais as pessoas e funcionários são responsáveis pela definição da
numeração;
se existe alguma orientação da Fifa ou da Conmebol sobre o registro de
atletas com a camisa 24.
No processo, o grupo afirma que “o fato da numeração da seleção
brasileira pular o número 24, considerando a conotação histórico cultural que
envolta esse número de associação aos gays, deve ser entendido como uma clara
ofensa à comunidade LGBTI+ e como uma atitude homofóbica”.
O juiz escreveu que a adoção da medida é importante dado a popularidade
do futebol, “esporte que ainda se insere nessa tradição masculina”.
“Da mesma forma, tem se mostrado cada vez com maior clareza o importante
papel que a adoção de medidas afirmativas no âmbito das práticas esportivas
exercem para o incremento dessa luta, com ênfase para aqueles esportes
tradicionalmente considerados no universo masculino”, afirmou.
O magistrado também escreveu que a luta da comunidade LGBTQIA+ pelo fim
da discriminação e com o reconhecimento do seu direito a uma convivência plena
na sociedade é “amplamente conhecida”.
Até a publicação desta reportagem a CBF não havia se manifestado.
Ainda de acordo com o Poder 360 Graus, participaram da transmissão, ao lado de Bolsonaro, os presidentes da
Caixa, Pedro Guimarães, e do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro. Foram
citados os deputados que estavam no Palácio da Alvorada: Coronel Armando
(PSL-SC) e Vitor Hugo (PSL-GO).
Blog: O Povo com a Notícia