O percentual de brasileiros vivendo em extrema pobreza em 2020 foi o menor já registrado na série histórica do Banco Mundial, iniciada em 1981. No ano em que houve a eclosão da pandemia de Covid-19 no país e a implementação do auxílio emergencial de R$ 600 em resposta, o percentual de brasileiros vivendo com menos de US$ 2,15 por dia caiu para 1,95%.
Em 2019, antes do impacto do vírus, esse percentual era de 5,39%.
Em números totais, a redução foi de 11,37 milhões para 4,14 milhões de pessoas no período. Ou seja: 7,23 milhões de pessoas saíram dessa situação entre 2019 e 2020.
Desde setembro, a instituição passou a adotar o limite de US$ 2,15 por dia para a faixa de extrema pobreza, em substituição aos US$ 1,90 usados anteriormente.
A fatia de brasileiros nessa situação vinha numa trajetória ascendente a partir de 2014, quando o país Brasil entrou em recessão. Antes disso, houve uma longa trajetória de queda desse percentual, desde 2003.
O recorde da série histórica do Banco Mundial foi registrado em 1981. Naquele ano, 30,6% dos brasileiros viviam em extrema pobreza (considerando preços de 2017).
Outros estudos da instituição já relacionavam o peso que o auxílio emergencial teve na queda da pobreza mais elevada. "O Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema em 2020, apesar da crise econômica contração, principalmente usando um sistema de transferência de dinheiro digital baseado na família", diz um documento do início deste ano.
O auxílio emergencial chegou a contemplar 68 milhões de pessoas, com a distribuição de R$ 354,6 bilhões, de acordo com o Ministério da Cidadania. A medida era direcionada ao apoio às famílias a passarem pelos momentos mais extremos da pandemia.
O efeito do benefício sobre a pobreza no Brasil também já havia sido apontado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em estudo divulgado em 2021. Sem ele, a proporção de brasileiros em extrema pobreza alcançaria 12,9% em 2020, segundo o instituto (considerando o parâmetro adotado na época pelo Banco Mundial, de US$ 1,90 por dia).
O percentual corresponde a cerca de 27,3 milhões de brasileiros.
Com o impacto dos programas sociais, porém, essa taxa caiu para 5,7% no ano inicial da pandemia -o resultado equivale a cerca de 12 milhões de pessoas no país. O percentual foi o menor registrado desde 2015 (5,1%). A série do IBGE reúne dados a partir de 2012.
Ao atingir especialmente os mais vulneráveis, os programas sociais ainda reduziram a desigualdade de maneira temporária, sinaliza o IBGE.
O índice de Gini, que mede a disparidade entre os ganhos de pobres e ricos, recuou em 2020 para 0,524, mesmo patamar de 2015 e o menor da série iniciada em 2012.
Em um cenário sem as transferências de renda, o indicador teria alcançado 0,573, o maior valor da série, segundo o IBGE.
O índice de Gini varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero estiver o resultado, menor é a desigualdade. (Via: Agência Brasil)
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